No último mês de dezembro, a Unilab realizou a colação de grau dos primeiros egressos de graduação do Campus dos Malês, no município de São Francisco do Conde, estado da Bahia. Não demorou e a instituição já colhe conquistas dessa primeira turma de 36 novos profissionais formada no campus baiano. Um deles, o estudante Táta Luangomina, foi o primeiro a ser aprovado em processo seletivo de pós-graduação stricto sensu, o programa de mestrado em Ciências Sociais da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Ele irá se debruçar sobre o tema “O candomblé de Angola entre as águas de Kasanji e a Costa do Dendê: identidade Bantu na fissura colonial”, aprofundando a temática abordada no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do Bacharelado em Humanidades.
Do Unilab
“Durante a minha graduação pesquisei a trajetória de Mametu Kasanji, Mãe Mira, sacerdotisa negra da Costa do Dendê e sua importância para a constituição do candomblé no Baixo Sul da Bahia. A partir do desenvolvimento deste TCC, várias questões de pesquisa emergiram como passíveis e necessárias de serem discutidas. Entre elas a mais importante foi a forma de constituição da Nação Angolana de Candomblé na Costa do Dendê, na Bahia. Esta Nação constituiu-se no Brasil por meio do grande afluxo e dispersão dos povos Bantu nas terras vermelhas”, explica.
A pesquisa tanto investiga o intercâmbio de saberes entre Brasil e Angola quanto envereda pela história e a identidade do povo baiano, o que vai ao encontro dos objetivos de internacionalização e de interiorização presentes no projeto da Unilab. “A Unilab oferece uma grande oportunidade que é integração entre alunos africanos e brasileiros. Ao longo do tempo vamos descobrindo que a distância oceânica não foi capaz de separar os caminhos da ancestralidade entre nós brasileiros e nossos malungos [irmãos] africanos”, conta. E acrescenta: “O Estado brasileiro tem que se comprometer com a permanência e garantia da Unilab, uma Universidade que veio para contribuir na integração do Brasil com os países de língua portuguesa”.
A temática de sua pesquisa tem relação direta com suas origens. “A minha trajetória desde criança foi sendo construída num seio familiar de candomblezeiros. Minha família, de diversas partes, tem origem na ancestralidade indígena e africana”, pontua. Ele afirma ser o primeiro estudante do Brasil a ter seu nome religioso reconhecido numa universidade pública. Assim, Heráclito dos Santos passou a ser conhecido como Táta Luangomina, agregando a ancestralidade afro-brasileira que é parte da sua formação e trajetória de vida.