Uso do tempo: especialistas discutem bases para melhorar pesquisas sobre impacto econômico e socia

Especialistas discutem bases para melhorar pesquisas sobre o uso do tempo, impacto econômico e social

Administração do tempo determina oportunidades de trabalho, educação, saúde e lazer e está condicionado às relações de gênero, raça e etnia. Evento internacional coloca questões em evidência, nos dias 9 e 10 de setembro, no Rio de Janeiro

Como você administra o seu tempo? Em que áreas homens e mulheres dedicam mais tempo no seu dia-a-dia? Essas são perguntas de fundo do II Seminário Internacional sobre Pesquisas de Uso do Tempo – Aspectos Metodológicos e Experiências Internacionais que vai reunir no Rio de Janeiro, nos dias 9 e 10 de setembro, representantes de governos, pesquisadores e especialistas de 13 países: Argentina, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Equador, Estados Unidos, França, México, Inglaterra, Portugal, Suíça e Uruguai.

 

O encontro será inaugurado na quinta-feira (9/9), às 9h, por Rebecca Tavares, representante do UNIFEM Brasil e Cone Sul (parte da ONU Mulheres); Laís Abramo, diretora da OIT Brasil (Organização Internacional do Trabalho); ministra Nilcéa Freire, da Secretaria de Políticas para as Mulheres; Eduardo Nunes, presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística); e Jorge Abrahão, diretor de Estudos e Políticas Sociais do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

 

O uso do tempo é uma ferramenta para medir o emprego da energia produtiva e as áreas de maior concentração de esforço e atenção de homens e mulheres no dia-a-dia. Segundo os dados da PNAD 2007 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE), as brasileiras consomem 27 horas por semana com afazeres domésticos, enquanto o tempo médio para os homens é de 10 horas semanais. Quando analisada a concentração total do tempo de mulheres e homens, os números são mais alarmantes: 89,9% para elas e 50,7% para eles. No Uruguai, as mulheres dedicam 36 horas por semana a trabalhos não remunerados (além de tarefas domésticas, serviços voluntários, por exemplo), os homens dedicam 16 horas.

 

Valor do tempo: igualdade e qualidade de vida

Além da conciliação entre vida pessoal e família, o trabalho e o lazer também são influenciados pelas dimensões de gênero, raça e uso do tempo. Conforme o Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, produzido pelo governo brasileiro e pelo UNIFEM Brasil e Cone Sul (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher – parte da ONU Mulheres), a grande maioria das trabalhadoras e dos trabalhadores, gasta em média 30 minutos no deslocamento da residência até o local de trabalho. Enquanto para homens e mulheres a média de tempo é próxima, para negros e brancos o uso do tempo no deslocamento é diferenciado: 70% dos brancos gastam 30 minutos; para os negros o percentual é de 65,4%.

 

O uso do tempo também está relacionado à qualidade de vida da população e às oportunidades de acesso à educação, saúde, cultura e lazer. Está vinculado, ainda, ao valor atribuído às atividades remuneradas e não remuneradas e aos papéis sociais determinados pelas relações de gênero, raça e etnia.

 

Debate sobre relações sociais e impacto econômico

Na abertura do seminário, a representante do UNIFEM Brasil e Cone Sul vai abordar como a economia de cuidado e a valoração do trabalho não remunerado das mulheres impactam na vida econômica das sociedades. Segundo Rebecca Tavares, o uso diferencial do tempo produz e reproduz uma série de desigualdades. “Há uma relação direta entre o pleno exercício dos direitos sociais, políticos e econômicos por parte das mulheres e sua dedicação ao trabalho não remunerado”, considera Rebecca Tavares.

 

Na sequência, acontecerá a conferência de abertura “O tempo nas sociedades modernas” a ser proferida por María Ángeles Duran, professora de Pesquisa do Instituto de Economia, Geografia e Demografia do Centro de Ciências Humanas e Sociais da Espanha. Nos demais painéis, serão discutidas metodologias de classificação de atividades, coleta e tratamento de dados e aplicações das pesquisas nas políticas públicas.

 

Ainda no primeiro dia do evento, às 18h da quinta-feira (9/9), será lançada a versão em português do livro “O valor do tempo: quantas horas te faltam ao dia?”, da pesquisadora María Ángeles Duran. O segundo dia (10/9) reserva espaços de interação e troca de experiências entre estudos de uso do tempo nos 11 países representados no seminário, com destaque para os estudos de gênero e tempo, saúde, políticas de gênero, tempo das trabalhadoras domésticas e impacto do trabalho não remunerado na economia.

 

O II Seminário Internacional sobre Pesquisas de Uso do Tempo – Aspectos Metodológicos e Experiências Internacionais é uma realização do UNIFEM Brasil e Cone Sul-ONU Mulheres, OIT, IPEA, IBGE e Secretaria de Políticas para as Mulheres.

 

 

II Seminário Internacional sobre Pesquisas de Uso do Tempo – Aspectos Metodológicos e Experiências Internacionais

Datas: 9 e 10 de setembro de 2010

Horário: 9h

Local: IBGE – Centro de Documentação e Disseminação de Informação (Rua General Canabarro, 706, auditório Teixeira de Freitas, bairro Maracanã) – Rio de Janeiro/RJ

Inscrições: vagas limitadas, solicitações para cristina.queiroz@spmulheres.gov.br

Informações: (61) 3411.4289/4237

 

 

 

 

 

 

  

 

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