13 provas de que os negros estão vendo racismo em tudo

Porque aparentemente ele está em todas as coisas mesmo.

Por Aline Ramos Do Buzzfeed

1. O racismo no Brasil começou junto com a história do país.

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A condição dos negros quando chegaram ao Brasil era a de escravos.

Segundo o site Slave Voyages, o país recebeu cerca de 5 milhões de negros escravizados a partir de 1530. Eles foram trazidos do continente africano em condições sub-humanas pelos portugueses para realizarem trabalho forçado.

2. A população negra ainda é a mais afetada por desigualdades e violência no país.

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O Brasil foi o último país independente do continente americano a abolir a escravatura, em 1888. Porém, não foram implementadas medidas para inserir os negros na sociedade.

Em 2017, no Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) alertou que, atualmente, a população negra ainda é a mais afetada por desigualdades e violência no país.

3. Negros são discriminados no mercado de trabalho.

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Após o fim da escravidão, os negros não eram contratados para trabalhar de forma assalariada. Segundo um artigo publicado no site do Ipea, trabalho remunerado, mesmo que em condições precárias, era oferecido apenas aos imigrantes europeus. Sem opções de emprego, o destino de alguns negros foi continuar trabalhando para seus antigos donos, sem remuneração ou recebendo muito pouco.

A sociedade mudou e as formas de discriminação se atualizaram. Há profissões em que praticamente não há a presença de negros. Por outro lado, os trabalhos serviçais, que se aproximam mais com o que os negros eram encarregados desde o período da escravidão, são predominantemente ocupados por eles.

4. E a população negra tem mais dificuldade de conseguir emprego.

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A população que se declara preta é a que mais sofre com o desemprego no país.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que, no final do quarto semestre de 2016, a taxa de desemprego entre os pretos era de 14,4% enquanto pardos representavam 14,1% e brancos 9,5%. A média nacional foi de 12%.

Ao mesmo tempo, os dados apontaram que, do total de brasileiros empregados no período, 46,2% se declararam brancos, 43,9% pardos e apenas 8,9% pretos.

5. O salário de brancos é bem maior que o de pretos e pardos.

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Os trabalhadores brasileiros que estão empregados recebem em média R$ 2.043. O rendimento dos brancos é de R$ 2.660, dos pardos R$ 1.480 e dos pretos R$ 1.461. Ou seja, o ganho dos brancos está acima da média nacional enquanto o de negros está abaixo.

A diferença entre os tipos de emprego contribui para essas desigualdades. Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), cerca de metade dos brancos estão empregados em vagas com carteira enquanto negros se concentram no mercado informal, o que representa trabalhos mais instáveis e com alta rotatividade.

6. A população negra é maioria entre os analfabetos.

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De acordo com estudo feito pelo IBGE, a taxa de analfabetismo é de 22,3% entre negros e 5% entre brancos.

7. Quando negros têm acesso ao ensino, ele é de pior qualidade.

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Até os 14 anos de idade, as taxas de presença na escola não variam muito entre as populações. É a partir dos 15 anos que as diferenças tomam proporções maiores: entre os brancos, 70,7% dos adolescentes entre 15 e 17 anos estão no ensino médio; entre os pretos e pardos, o número cai para 50,5% e 55,3%, respectivamente.

O terceiro ano do ensino médio demonstra ainda mais as diferenças ao analisar aprendizagem de conteúdos. Em Língua Portuguesa, o ensino adequado chega a 38% dos brancos, 21% dos pardos e 20,3% dos pretos. Já em Matemática, esse número é de 15,1% dos brancos, 5,8% dos pardos e 4,3% dos pretos.

Os dados são de um estudo feito pelo IBGE.

8. Os alunos negros dobraram de quantidade nas universidades nos últimos 12 anos, mas ainda são minoria.

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A presença de negros nas universidades deu um salto e quase dobrou entre 2005 e 2015. Esse aumento é resultado da implementação de ações afirmativas, como as cotas raciais e sociais. Em 2005, apenas 5,5% dos jovens pretos e pardos frequentavam uma faculdade. Em 2015, 12,8% dos negros entre 18 e 24 anos chegaram ao ensino superior.

Por outro lado, se formos comparar com os brancos, o número de negros no ensino superior equivale a menos da metade dos jovens brancos com a mesma oportunidade, que eram 26,5% em 2015 e 17,8% em 2005. Os dados são do IBGE.

9. Negros são os maiores doadores de órgãos, mas são os brancos os mais beneficiados com transplantes.

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O Ipea divulgou que os negros são os responsáveis por 60% das doações de coração ao SUS (Sistema Único de Saúde). Ao mesmo tempo, 56% dos favorecidos com transplantes de órgãos são brancos e apenas 10% são negros. As condições sociais e culturais influenciam nesses dados. As dificuldades para receber remédios, fazer consultas e exames clínicos estão entre as causas dessa desigualdade.

10. Mesmo sendo a maioria da população no Brasil, negros são minoria na Câmara dos Deputados.

 

Vim a trabalho e tô qse ficando por aqui…tchau SP #brasilia

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A bancada dos deputados federais é composta por 71% de homens brancos. Entre os eleitos, 15% se declararam pardos e apenas 3,5%, pretos. Esses dados foram levantados pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

11. O Índice de Desenvolvimento Humano é desigual entre negros e brancos.

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Mesmo que a qualidade de vida tenha melhorado para brancos e negros nos últimos anos, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) continua desigual. Foi apenas em 2010 que a população negra alcançou o mesmo patamar que brancos já possuíam em 2000.

No relatório divulgado em 2010 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), pelo Ipea e pela Fundação João Pinheiro (FJP), o IDH de negros era de 0,679 e de brancos, 0,777.

12. Entre 2005 e 2015, o assassinato de mulheres negras aumentou, enquanto o de mulheres brancas diminuiu.

 

O último 16 de março de Cláudia Silva Ferreira foi em 2014. Ela saiu da casa onde morava com a família, no Morro da Congonha, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, para comprar pão. Naquela manhã, Cláudia foi baleada durante um confronto entre a Polícia Militar do Rio e traficantes. Enquanto era levada ao hospital no porta-mala da viatura da PM do Rio, seu corpo rolou para fora e ela ficou pendurada pela roupa. Pedestres e motoristas que testemunharam a cena avisaram os policiais, mas eles não pararam. O corpo de Cláudia foi arrastado por 350 m. Ela tinha 38 anos, um marido, quatro filhos, era auxiliar de serviços, mulher negra. Mas, naquele 16 de março de 2014, ficou conhecida como a “mulher arrastada pela Polícia Militar”. Mas não é essa a imagem que registramos dela. A campanha #100vezesClaudia reuniu mais de 100 ilustrações de Cláudia Silva Ferreira em 2014, como esta de Larissa Ribeiro. Hoje, três anos depois de sua morte, repetimos o nome dela 100 vezes no Twitter para que os jornais, a polícia e, principalmente, a justiça, não esqueçam do que aconteceu. Junte-se a nós (link na bio).

Uma publicação compartilhada por Think Olga (@think_olga) em

O número de mulheres negras assassinadas no Brasil aumentou 22% e ficou acima da média geral da população feminina. Já o homicídio de mulheres não negras (brancas, indígenas e amarelas) caiu 7,4% no mesmo período analisado (2005 a 2015). Os dados foram levantados pelo Atlas da Violência 2017, promovido pelo Ipea.

13. Um jovem negro tem 2,5 vezes mais chance de ser morto.

Segundo o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial, jovens negros são as principais vítimas da violência e têm 2,5 vezes mais chances de serem assassinados no Brasil do que jovens brancos.

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