Conheça o coletivo de advogadas que já atendeu centenas de mulheres gratuitamente

Era início de abril quando a advogada baiana Laina Crisóstomo lançou um post no Facebook oferecendo atendimento jurídico gratuito a outras mulheres, para se unir à campanha #MaisAmorEntreNós.

por  Júlia Warken, do M de Mulher 

Através dessa hashtag, o movimento visa justamente isso: convidar a mulherada a doar um tempinho para que a gente ajude umas às outras. Para a surpresa de Laina, o post viralizou, com milhares de curtidas e compartilhamentos, e foi através dele que o coletivo TamoJuntas nasceu. “Escrevi a postagem numa sexta-feira e na terça seguinte já estava fazendo atendimento”, lembra.

A publicação fez com que ela conhecesse Aline Nascimento e Carolina Rola, duas advogadas que também estavam dispostas a abraçar a causa, e as três resolveram criar uma página no Facebook para divulgar o atendimento voluntário. O foco é atender mulheres vítimas de violência de gênero, como casos de assédio sexual ou até briga pelo direito à pensão, por exemplo.

tamo-juntas_1

De lá para cá, dezenas de outras advogadas se uniram ao coletivo, além de psicólogas e assistentes sociais. Hoje o TamoJuntas tem voluntárias em diversos estados e, além da assistência jurídica, oferece amparo psicológico e social às mulheres atendidas. “Trabalhamos no âmbito judicial, mas também no âmbito da família”, explica Laina.

O coletivo nasceu em Salvador e, só lá, já existem 20 voluntárias trabalhando no projeto. Na capital baiana, o TamoJuntas também realiza mutirões mensais de atendimento, além de outras ações ligadas à causa.

tamo-juntas

Para solicitar ajuda ao TamoJuntas, basta mandar uma mensagem através do Facebook, site, email ([email protected]) ou WhatsApp (71 99185-4691). “Quando mulheres de fora da Bahia acionam a gente, nós encaminhamos esses casos às voluntárias dos outros estados”, explica Laina.

Além de abrir e acompanhar processos, elas também se disponibilizam a sanar qualquer tipo de dúvida que as vítimas possam ter, mesmo daquelas que estão sendo atendidas por outros advogados ou que apenas cogitam fazer uma denúncia.

A advogada estima que cerca de mil mulheres já tenham sido auxiliadas pelo coletivo e diz que a rede de voluntárias está atuando em mais de 100 processos. E olha que o TamoJuntas nasceu há menos de cinco meses!

tamo-juntas_0

Laina garante que todo o trabalho vale a pena, frente à gratidão das mulheres amparadas. E ela ressalta a importância de ter figuras femininas atendendo vítimas de violência contra a mulher:

“Quando nós criamos a fanpage, a gente não tinha ideia da dimensão que isso tomaria. Chegamos a mais de 64 mil curtidas, sem nenhum post patrocinado. Aquilo ali são realmente mulheres sedentas por informação, mulheres que precisam de causas como essa. Além do auxílio jurídico, elas precisam falar da dor que sentem, precisam de um atendimento humanizado que não é dado em outros ambientes. Ser atendida por mulheres que atuam enquanto feministas faz toda a diferença nessa hora. Elas se sentem verdadeiramente seguras e acolhidas, pois existe sororidade e empatia. Isso é o principal”.

 

+ sobre o tema

Empresa é condenada a pagar indenização por duvidar de gravidez de funcionária

Uma analista de recursos humanos receberá R$ 12 mil...

Mutilação, estupro e canibalismo: as versões originais dos contos de fadas

Esqueça as histórias bonitas e felizes como a de...

Conheça Gabriela Watson, cineasta do filme “Flores de Baobá”

O Brasil tem assistido a um boom de sua...

Sonhos negados: violência faz mulheres negras desistirem da maternidade

"Sempre foi meu sonho ser mãe. Falava que queria...

para lembrar

Sobre a prostituição de mulheres negras no Pós-Abolição

Em 7 de fevereiro de 1896, com o título...

Longa-metragem documental junta história e arte de mulheres negras gaúchas no cinema

A fotógrafa autodidata Irene Santos pretende evidenciar o trabalho de...
spot_imgspot_img

Órfãos do feminicídio terão atendimento prioritário na emissão do RG

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e a Secretaria de Estado da Mulher do Distrito Federal (SMDF) assinaram uma portaria conjunta que estabelece...

Universidade é condenada por não alterar nome de aluna trans

A utilização do nome antigo de uma mulher trans fere diretamente seus direitos de personalidade, já que nega a maneira como ela se identifica,...

O vídeo premiado na Mostra Audiovisual Entre(vivências) Negras, que conta a história da sambista Vó Maria, é destaque do mês no Museu da Pessoa

Vó Maria, cantora e compositora, conta em vídeo um pouco sobre o início de sua vida no samba, onde foi muito feliz. A Mostra conta...
-+=