Jovem acusa médico de negligência durante parto

Parturiente afirma que deu à luz antes de ser acomodada na maca e o bebê quase caiu no chão

Por Adriana Brumer Lourencini, do  Tribuna de Indaia

A Tribuna recebeu nesta semana uma denúncia de negligência durante um parto ocorrido no Hospital Augusto de Oliveira Camargo (Haoc). Segundo a parturiente Taynara Valle, de 19 anos, ela deu à luz em pé, antes mesmo de ser acomodada na maca.

“Cheguei ao hospital por volta das 11h da noite, e me disseram que eu estava com três dedos de dilatação”, lembra Taynara. “Por volta da 1h, o médico fez o exame de toque. Eu já estava sentindo as dores, mas o médico falou que era para esperar, pois eu ainda não tinha dor”, completa.

A paciente estava com a mãe, Maria Jaqueline do Valle Ponceano, que a acompanhou durante toda a noite. “Como o bebê era prematuro de oito meses, o médico disse que poderia esperar até o dia seguinte para o parto; o problema era que ela já sentia as contrações”, destaca.

Para complicar, elas contam que naquela noite havia apenas uma enfermeira para atender Taynara e outras três parturientes. “Tinha outra enfermeira lá no quarto, mas ela contou que não entendia nada de obstetrícia e que não poderia ajudar. Então, todas as mulheres tiveram filhos quase ao mesmo tempo e a enfermeira não dava conta de atender todas elas”, enfatiza Jaqueline.

Em torno das 3h, a bolsa de Taynara estourou e ela, imediatamente, começou a entrar em trabalho de parto. “Eu sentia muita dor, e então, minha mãe e a enfermeira que estava no quarto me ajudaram a ir até a sala de parto. Eu ainda tive de esperar, porque eles disseram que precisava limpar a sala antes”, prossegue Taynara.

Elas revelam também que não houve tempo de preparar uma maca para levar a parturiente até a sala de parto, e ela foi andando, auxiliada pela mãe e a enfermeira.

Tensão

Chegando ao local, Jaqueline lembra que as pernas de Taynara travaram, devido às dores, e ela não conseguiu subir na maca. “O doutor pediu a ela que subisse, mas ela estava travada de dor, e não tinha nenhuma escada ao lado da maca para auxiliar. Foi neste momento que a criança nasceu com ela ainda em pé”, ressalta.

“Ele (o médico) não fez nada e ainda disse que eu era burra de não ter subido na maca; e se não fosse minha mãe, o bebê teria caído no chão e morrido. Foi tenso”, declara Taynara.

O bebê de Taynara nasceu às 4h40, e é um menino. Ela e o marido têm outro filho de três anos; o casal, além de Jaqueline, ficou indignado com o tratamento dispensado pelo obstetra. “Meu genro quis questionar, mas eu não deixei, pois já havíamos tido muito desgaste com a situação. Mas, achamos que não foi justo o que aconteceu, pois outras mulheres podem passar por isso”, considera Jaqueline.

A mãe de Taynara também fala da higiene do hospital. “A sala de parto mal foi limpa; eu digo isso porque trabalho no ramo e percebi que apenas passaram um pano por cima, espalhando a sujeira”, acusa.

Excepcional

Em resposta aos questionamentos da Tribuna sobre esse caso, a assessoria de comunicação do Haoc explicou que, em condições normais, a gestante em trabalho de parto vai até a sala andando, pois são menos de dez passos, e isso, às vezes, ajuda no encaixamento do polo cefálico (cabeça do bebê).

O que aconteceu neste caso é que, por ser prematuro e pequeno, o final do parto se deu muito rápido e a criança veio a nascer enquanto a gestante aguardava para se posicionar na mesa de parto. Isso em absoluto não é um acontecimento frequente e sim esporádico, podendo ser verificado nos dados da Maternidade, nos plantões deste ou de outros médicos.

Portanto, não se constitui caso de negligência médica; mas, a diretoria do hospital irá conversar com o profissional a fim de posicioná-lo sobre esta reclamação.

Em relação à higiene, a assessoria reforçou que o Haoc realiza treinamentos constantes da equipe. Assim que o local da cirurgia ou parto é desocupado, o pessoal da higienização entra em ação, pois esta é uma das prioridades do hospital.

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