“A gente não aguenta mais enterrar mulher”, desabafa Vilma Reis

“A gente não aguenta mais enterrar mulher”, desabafa Vilma Reis. A Bahia registrou 15.751 casos de violência contra a mulher, desde o início deste ano até meados de maio. O “balanço” da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do estado não inclui – por questões temporais – as mortes de Hellem Moreira, Zenilda Pinheiro dos Santos, Laise dos Santos Silva, Vanucia dos Santos, Jussara de Oliveira, Daniela Santos Melo e tantas outras mulheres brutalmente assassinadas nos últimos dias.

POR Donminique Azevedo, do Portal Correio Nagô

“A gente está chamando a atenção da sociedade, pois todos precisarão se envolver porque a gente não aguenta mais enterrar mulher!”, desabafa a socióloga Vilma Reis durante coletiva de imprensa sobre aumento dos casos de feminicídio na Bahia, realizada na última quarta-feira (21), na sede da Ouvidoria da Defensoria Pública do Estado da Bahia – DPE/BA, em Salvador.

A iniciativa mediada por Vilma Reis, que também é ouvidora-geral da DPE/BA, colocou em pauta os desafios no combate à violência contra as mulheres, reiterando a necessidade de mais efetividade nas ações de prevenção. Do contrário – e este entendimento é consensual entre aquelXs que não suportam mais conviver com o feminicídio – mais vidas serão interrompidas. “Não é um caso isolado. Tem um rastro de morte em todo o estado. Estamos aqui para pedir pelas políticas de proteção porque até um poste que se conserta é política de proteção”, reforça Reis.
A violação de direitos não acontece apenas com a descontinuidade nas políticas públicas e sociais, nem somente pelos recorrentes casos de impunidade. Abordagens fundamentalistas em diversos setores da sociedade – a exemplo da aprovação dos planos municipais de educação – é outro aspecto diretamente ligado à violência contra mulher. 

Em Lauro de Freitas (BA) evangélicas e católicas correspondem a mais de 70% daquelas que buscam o Centro de Referência de Lélia González (CRLG) – iniciativa que presta atendimento especializado para mulheres vítimas de violência.

“Lauro de Freitas, hoje, praticamente a cada 15 dias está enterrando um mulher vítima de violência. É importante ressaltar que essa mazela acontece em todas as classes. Temos um número expressivo de mulheres com ensino superior”, revela Sulle Nascimento do Centro de Referência de Lélia González.

Coletiva aborda aumento de casos de feminicídio

Para provocar mudanças neste cenário, como desdobramento da coletiva, foi feita a proposta de unir forças para a formação da rede de proteção às mulheres com encontros mensais e fortalecimento dessa rede para cobrar celeridade processos. Foram apontados ainda necessidade de mais monitoramento, ampliação e fortalecimento de políticas públicas.

+ sobre o tema

CFEMEA: Defender os Direitos das Mulheres

  O Centro Feminista de Estudos...

E se fosse você?

por Manuela D'Avila no Facebook Eu estava grávida quando fui...

Por que parar na questão de gênero? Vamos trocar a Constituição pela bíblia

Por conta da pressão da Frente Parlamentar Evangélica junto...

para lembrar

Fui criado numa família poliamorosa

Poucos símbolos culturais têm tanto peso na sociedade como...

80 anos desde que Billie Holiday chocou os EUA com sua interpretação da canção ‘Strange Fruit’

"Você consegue imaginar nunca ter ouvido essa música antes...

Fé, menino. É tempo de desmachificar

sabe aquela imagem do neandertal, tacape na mão, arrastando...
spot_imgspot_img

‘A gente pode vencer e acender os olhos de esperança para pessoas negras’, diz primeira quilombola promotora de Justiça do Brasil

"A gente pode vencer, a gente pode conseguir. É movimentar toda a estrutura da sociedade, acender os olhos de esperança, principalmente para nós, pessoas...

Ana Maria Gonçalves anuncia novos livros 18 anos após lançar ‘Um Defeito de Cor’

Dois novos livros de Ana Maria Gonçalves devem chegar ao público até o fim de 2024. As novas produções literárias tratam da temática racial...

Mulheres recebem 19,4% a menos que os homens, diz relatório do MTE

Dados do 1º Relatório Nacional de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios mostram que as trabalhadoras mulheres ganham 19,4% a menos que os trabalhadores homens no...
-+=