por Andressa Karoline do Chuva Ácida via Guest Post para o Portal Geledés
Tal praticidade, em conjunto com o atraso da legislação em conseguir sanar tais demandas, é um encorajamento para que racistas incumbidos venham à tona despejar seu discurso, ofensa e agressão. Discurso esse, que vem carregado de um preconceito enraizado, antigo, alimentado, protegido e com uma imensa relutância em se abrir mão.
O racismo é uma prática construída, como já dizia Mandela: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar.” Ele nasce em lares preconceituosos, em escolas que não discutem o assunto com propriedade e clareza (exceto na semana da consciência negra, quando todos se transformam em seres politizados e apoiadores da causa). Ele permanece com o apoio dos grandes personagens das redes sociais que tratam os casos com uma simples hashtag acompanhada do nome se algum(a) famoso(a) e que enchem os telejornais de um sensacionalismo ridículo e abominável, que tem o intuito de explorar a situação diante de mais uma manchete, e que se gerar audiência, permanecerá nas telinhas por mais alguns dias.
A grande verdade é que nosso povo teve voz, mas sempre foi calado, silenciado ou de alguma forma censurado. Pois bem, é o fim dessa era. Enquanto não houver equidade, enquanto “morro” na favela continuar sendo verbo, enquanto nossas escolas não demonstrarem a importância que a cultura negra teve na construção do nosso país, enquanto houver alguém, atrás de algum aparelho eletrônico, que se sinta confortável e seguro para despejar seu ódio racista desenfreado, não vamos nos calar.