Obama: fraco ou astuto?

Fonte: Folha de São Paulo –
Por Kenneth Maxwell
OS SABICHÕES estão confusos. Seu temor parece ser o de que o presidente Barack Obama seja “mais conversa que ação”. Richard Cohen, em artigo para o jornal “Washington Post” nesta semana, avaliou que Obama era bom demais para ser verdade: “A busca pela perfeição pode nos impedir de ser bons o bastante”.

E há alguma verdade nessa crítica. O governo Obama, por exemplo, vem demorando muito a indicar novos juízes federais. Obama prometeu durante a campanha eleitoral do ano passado que avançaria de forma agressiva na frente judicial. Mas até esta semana, nove meses depois de sua posse, Obama só enviou ao Senado, encarregado de confirmá-los, os nomes de 23 juízes. E destes Obama só conseguiu confirmação para três -um para a Corte Suprema, um para a instância de recursos e um para a primeira instância.

No mesmo período, o presidente George W. Bush apontou 95 juízes, e já havia conseguido a confirmação de oito. Bill Clinton conseguiu confirmar oito juízes federais de primeira e segunda instâncias e um juiz para a Corte Suprema.

É verdade que as audiências de confirmação da juíza Sonia Sotomayor requereram muito tempo no Senado. A indicação de Obama foi confirmada, e a juíza Sotomayor agora integra a Corte Suprema.

Mas a inação quanto aos postos nos tribunais de recursos e de primeira instância significa que existem 90 postos judiciais vagos, ou 10% do total nacional.

Os liberais estão irritados porque acreditam que essa demora só sirva para encorajar os republicanos do Senado a bloquear indicações, especialmente no ano que vem, quando as eleições legislativas estarão próximas.

Mas nem todo mundo é tão pessimista. No “London Sunday Times” do último final de semana, Andrew Sullivan defendeu Obama.

Sullivan foi editor da revista “New Republic”, tem um doutorado por Harvard e é um comentarista político e colunista respeitado. Ele em geral representa a direita do espectro político.

A mensagem de Sullivan é que é cedo demais para descartar Obama. O pragmatismo do presidente, ele escreve, “pode parecer hesitação, fraqueza, indecisão. Mas, embora haja momentos em que ele parece fraco, uma das palavras que o descrevem melhor é bastante diferente: implacável. Sob os ternos elegantes e o sorriso fácil existe um cerne de aço estratégico”.

Acima de tudo, Obama sabe esperar. No momento exato, ele toma a iniciativa. A mais recente pesquisa de opinião pública da rede de TV ABC parece confirmar a percepção de Sullivan: a aprovação a Obama é de 57%, enquanto apenas 27% dos entrevistados aprovam os republicanos, a porcentagem mais baixa para o partido em 26 anos.

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