Caixa revê período mais criativo de Jorge Ben

Eram os tempos em que a batida do violão marcava o compasso. Colocada nas lojas nos últimos instantes de 2009, a caixa “Salve, Jorge!” recupera (quase) toda a discografia de Jorge Ben — ainda sem o “Jor” — na gravadora Philips.

Da emblemática estreia em LP, com “Samba Esquema Novo” (1963), ao rito de passagem “África Brasil” (1976), em que o músico substituía, de uma vez para sempre, o violão acústico pela guitarra elétrica como seu instrumento de apoio.

 

Ficaram fora do pacote os álbuns “gringos”: “On Stage” (1972), registro de show japonês (produzido para o mercado daquele país) em que Jorge é acompanhamento pelo Trio Mocotó; “À L’Olympia” (1975), também gravado ao vivo, mas na célebre casa parisiense, e “Tropical”, feito em estúdio na Inglaterra em 1977 e relançado no Brasil no ano seguinte.

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Os três, portanto, continuam inéditos em CD por aqui. Podem vir a ser lançados, em edições avulsas, ainda em 2010.

Em compensação, a caixa inclui CD duplo produzido especialmente para a edição, com material raro (leia abaixo).

À parte este, todos os discos da caixa já haviam sido editados em CD, em 1993. Saíram de catálogo nos anos seguintes e, exceto casos isolados (como uma reedição de quatro títulos em 2001), ficaram indisponíveis em loja desde então.

Treze

“Mas são 13 discos? Quando Jorge souber disso, é capaz de nem autorizar o lançamento da caixa”, disse o empresário do cantor assim que, procurado pela reportagem, recebeu a notícia do lançamento, no começo de novembro. Tanto quanto o encarte incluído no pacote — que erra na conta, falando em “12 LPs de carreira”–, Jorge evita esse número.

E tem outras manias.

A foto que ilustra a caixa é recente, produzida nestes anos 2000 –completa contradição em relação ao seu conteúdo, concebido originalmente há mais de três décadas.

O mesmo acontece com a coletânea de raridades. Jorge aparece empunhando uma guitarra na imagem da capa e toca apenas violão nas faixas.

A Folha apurou que isso se deve ao fato de o cantor reprovar, em produtos atuais, qualquer fotografia que remeta ao passado, à era pré-Ben Jor.

Mas a esquizofrenia entre embalagem e recheio não atrapalha a viagem do ouvinte pelos primeiros –e, sem qualquer sombra de dúvida, melhores — tempos do artista.

O reinventor da bossa nova de “Samba Esquema Novo” (1963), “Ben É Samba Bom” (1964) e “Sacundin Ben Samba” (1964). O tropicalista de ocasião de “Jorge Ben” (1968) _do hit “País Tropical”.

O inventor do samba-rock dos quase melancólicos “Força Bruta” (1970) e “Ben” (1972). O alquimista de “A Tábua de Esmeralda” (1974). O jazzista de “Ogum Xangô” (1975), jam session com Gilberto Gil em que nove canções duram, em improvisos, mais de 70 minutos.

O eletrificado “África Brasil” (1976) encerrando cronologicamente a caixa. Começa o reinado da guitarra.
Os tempos mudariam em seguida. Jorge partiria da Philips para a Som Livre –e a melhor parte de sua produção na nova gravadora também está, hoje, indisponível em CD.

Ali, continuaria nessa sua rotina de reinventar-se, quantas vezes fossem necessárias.

SALVE, JORGE!
Artista: Jorge Ben Jor
Lançamento: Universal Music
Quanto: R$ 250, em média
Avaliação: ótimo

Fonte: Folha Ilustrada

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