PNDH3: Lula quer encerrar crise em torno do plano de direitos humanos

 

BRASÍLIA – O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que na semana passada afirmou que o novo Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH) provoca ” uma insegurança jurídica ” no campo, não será chamado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para debater o assunto. Segundo um ministro que integra o núcleo decisório do governo, as declarações de Stephanes ” foram periféricas e não fazem parte do centro da polêmica ” .

A intenção do presidente Lula é convocar, ainda nesta semana, os ministros da Defesa, Nelson Jobim, e da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, para encontrar um caminho que encerre a crise gerada pelo decreto da Comissão da Verdade. Stephanes manifestou-se após a descoberta de que o decreto envolve assuntos diversos, desde Direitos Humanos até o debate sobre legalização do aborto.

Não está descartada a convocação também do ministro da Justiça, Tarso Genro – alinhado politicamente às posições defendidas por Vannuchi -, e do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams. Segundo relato de um ministro ouvido pelo Valor, Lula vai conversar ao mesmo tempo com Jobim e Vannuchi. ” O tempo das conversas em separado já passou, elas já ocorreram e a crise não diminuiu em nada ” , afirmou o auxiliar do presidente.

Assim que a polêmica começou, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, ameaçou entregar o seu cargo caso o decreto não fosse revisto. Ele seria acompanhado pelos comandantes das Três Forças Armadas – Marinha, Exército e Aeronáutica. Já Vannuchi, em entrevista à ” Folha de S. Paulo ” no domingo, afirmou que é um ” fusível removível ” e que sua eventual saída do Executivo não prejudicaria nem o governo nem o país.

Lula mencionou o assunto rapidamente durante a primeira reunião da coordenação política de 2010. Mas avisou que não trataria da questão porque nenhum dos dois ministros estava presente – nem Jobim nem Vannuchi fazem parte do núcleo decisório do Executivo. Para que o assunto fosse colocado oficialmente como tema do encontro, ambos deviam ser convocados para a reunião.

Segundo um ministro, o grande mérito do novo decreto é que ele condensou, juridicamente, os pontos levantados a partir da Conferência Nacional de Direitos Humanos. ” Ele teve o mérito de reunir demandas da sociedade civil organizada ” , disse um ministro próximo do presidente.

Ontem, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) divulgou nota de apoio ao Plano Nacional de Direitos Humanos do governo federal, principalmente no que diz respeito à criação da Comissão da Verdade. Já a seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil criticou o plano, sob o argumento de que, embora positivo em determinados pontos, cria insegurança jurídica.

Leia o Progama de Direitos Humanos na integra

Programa Nacional de Direitos Humanos – PNDH-3 – DECRETO Nº 7.037, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2009

Fonte: Globo

+ sobre o tema

Mundo do trabalho tem mais negros, mulheres, maiores de 50 e mais escolarizados

Nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, ainda predominam...

Anistia Internacional quer comissão independente para caso Marielle

No dia em que faz oito meses dos assassinatos...

Governo Federal e PNUD firmam cooperação para fortalecimento do Sinapir

Parceria se dá entre o Ministério das Mulheres, da...

Médica Fátima Oliveira deixou legado de uma saúde pública antirracista

É com muito orgulho, que escrevo sobre Dra. Fátima...

para lembrar

Mídia: Caso Eloá deve ser tratado como violência contra a mulher

Acontece desde o início da manhã desta segunda-feira (13),...

É impossível promover direitos humanos sem proteger as mulheres

Medo e trauma de experiências de violência muitas vezes...

“Congresso não pode passar por cima do cadáver de milhares de mulheres”, diz Jean Wyllys

Deputado responde às declarações do presidente da Câmara, Eduardo...
spot_imgspot_img

Comissão Arns apresenta à ONU relatório com recomendações para resgatar os direitos das mulheres em situação de rua

Na última quarta-feira (24/04), a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos D. Paulo Evaristo Arns – Comissão Arns, em parceria com o Movimento Nacional...

Estudo relata violência contra jornalistas e comunicadores na Amazônia

Alertar a sociedade sobre a relação de crimes contra o meio ambiente e a violência contra jornalistas na Amazônia é o objetivo do estudo Fronteiras da Informação...

Brasil registrou 3,4 milhões de possíveis violações de direitos humanos em 2023, diz relatório da Anistia Internacional

Um relatório global divulgado nesta quarta-feira (24) pela Anistia Internacional, com dados de 156 países, revela que o Brasil registrou mais de 3,4 milhões...
-+=