Moradores de Higienópolis e do Pacaembu reclamam de “invasão’

Por: LETICIA DE CASTRO

Albergues fechados e ações policiais na cracolândia levaram sem-teto para esses bairros

Bairro nobre da região central de São Paulo, o Pacaembu virou um dos principais destinos de moradores de rua exilados pelas operações policiais da cracolândia e pelo fechamento de albergues no ano passado.

Segundo os moradores do bairro, o principal foco é a praça Wendel Wilkie. “Ela está completamente invadida. Da janela do meu apartamento vejo as pessoas cozinhando, urinando, defecando, até fazendo sexo”, afirma a comunicóloga Ilva, que mora em um prédio localizado em frente à praça e hoje vive com as janelas fechadas por causa do mau cheiro.

Para impedir esse tipo de ocupação, os moradores querem fechar a praça com grades.
“Ela ficaria aberta de dia e, à noite, seria fechada e vigiada por guardas”, diz Sonia Lopes, moradora do primeiro andar do mesmo edifício.

 

Em outra praça, a Ana Maria Popovic, a sujeira e a fumaça provocada pelas fogueiras dos moradores de rua são a principal queixa do engenheiro civil Rodrigo Mauro, 28.

Vizinho ao Pacaembu, o nobre Higienópolis também viu suas ruas arborizadas serem ocupadas pelos sem-teto.

Em Santa Cecília, a realidade se repete. Para Luiz Felipe Pereira Penha, 49, morador e proprietário de vários imóveis no bairro, os moradores de rua não são agressivos nem violentos. Mas “com eles vêm a bandidagem, traficantes e usuários de drogas”, provocando uma sensação de insegurança.

Fonte: Folha de S. Paulo

 

 

Sem-teto criticam albergues e abordagem da guarda municipal

 

Por: ANDRÉ CARAMANTE

 

Ex-dono de uma adega perto do aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, Manoel Domingos da Rosa Neto, 41, vive há três anos numa esquina na Bela Vista. Diz ter perdido tudo devido a brigas familiares. Nas ruas, conheceu Sirlei dos Santos, 22, sua atual mulher.

Ela usa uma lata de tinta de 18 litros adaptada como fogão. Também na esquina, o casal toma banho com a água conseguida num lava-rápido. “O que tem deixado a gente muito triste é o fato de que a Guarda Civil Municipal tenta todo dia tirar a gente daqui e sempre age com desrespeito. A gente não quer viver em albergue. Tem muita violência e falta de higiene.”
Na esquina onde vive, ele ganhou fama como pedreiro dos bons. “Tem gente que me dá R$ 7.000 para comprar material. Não é porque a gente está na rua que não merece respeito.”

José, 30, também critica os albergues. Mineiro da cidade de Passos, ele vive nas ruas das imediações da praça da Sé há 18 anos, depois de perder pai e mãe num incêndio na favela onde viviam.

Enquanto contava sua situação, olhava para o céu e torcia para mais um temporal desabar. Assim, venderia os dez guarda-chuvas novos que segurava -é como ele ganha os R$ 50 por dia que gasta com três refeições e com maconha.

“Quem trabalha com gente da rua precisa entender que [na rua] tem de tudo. Tem quem está nela porque quer; os que estão por necessidade e os encostados, que se fazem de coitadinhos. É preciso saber separar e oferecer o que cada um precisa”, diz Alves.

 

Fonte: Folha de S.Paulo

 

 

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