Escola da área rural de PE tem melhor Enem entre as que ensinam adultos

Por: Vanessa Fajardo

Colégio é vinculado ao Instituto Federal de Ciência e Tecnologia.
Aulas práticas voltadas ao mercado de trabalho é diferencial do curso.


O melhor desempenho entre as instituições de ensino que oferecem a modalidade de Educação para Jovens e Adultos (EJA) é da escola vinculada ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sertão Pernambuco, em Petrolina, na área rural de Pernambuco.

 

A unidade de ensino obteve média total de 599,87 pontos. A pontuação é referente ao curso de ensino médio integrado em agroindústria, criado em 2006, com foco no mercado de trabalho. Segundo o MEC, apenas três alunos estavam matriculados nas últimas fase do EJA, neste instituto em 2009, mas 69 fizeram o Enem no mesmo ano.

 

De acordo com o ministério, houve novas matrículas depois que a escola informou os dados ao governo federal para o Censo Escolar.

 

Localizada em uma fazenda de 199 hectares em Petrolina, a infraestrutura é um dos diferenciais da escola. No campus há plantações de goiaba, uva, manga e outras frutas e criação de animais para as aulas práticas.

 

Os estudantes acompanham a criação de animais, passando pelo abatimento até o processamento da carne que inclui a fabricação de hambúrgueres, linguiças e salsichas. O currículo também contempla aulas de processamento do leite e produção de doces e geleias.

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“O curso é tão prático que no início tivemos problema de evasão. Os alunos aprendiam e depois abandonavam o curso porque começavam a vender os produtos”, diz Selma Maria Rodrigues de Andrade Alves, assessora da pró-reitoria de ensino da universidade.

 

O instituto oferece 30 vagas para o curso angroindústria todos os anos. Para conquistar uma, os candidatos precisam fazer prova de conhecimentos gerais, redação e passar por uma entrevista. Atualmente há 156 alunos, o mais novo tem 27 anos e o mais velho 47.

 

O corpo docente é formado por sete professores que possuem mestrado (dois deles têm doutorado) e formação específica para ensinar adultos. “Temos o mesmo curso de agroindústria no ensino médio regular, mas adaptamos para o EJA. Foi um grande desafio”, afirma Selma Maria.

 

Sobre o Enem, Selma diz que a escola não possui trabalhos específicos, mas seus alunos conhecem a importância da formação continuada. “Como a maioria ficou muito tempo sem estudar sabe que se não for além, vai ficar para trás. Há uma dívida social a resgatar.”

 

Menor nota
O pior desempenho do Enem (nota 307,42) entre as instituições de ensino que oferecem o EJA foi da escola estadual Osvaldo Pereira, localizada em Paranatinga (MT).

 

O gerente curricular de Educação para Jovens e Adultos de Mato Grosso, Sávio de Brito Costa, disse ao G1 que ainda é preciso haver investimentos, principalmente na formação de professores. “É necessária a formação continuada porque hoje o docente não sai da faculdade qualificado para este sistema.”

 

Segundo Costa, nos últimos cinco anos o estado triplicou vagas e número de alunos nesta modalidade de ensino. Em 2008, foi criado um Centro de Educação para Adultos com 23 polos no estado.

 

Para Maristela Miranda Bárbara, diretora de formação da Alfasol, ONG que trabalha com alfabetização, a formação é um dos maiores entraves deste modelo de ensino. “No ensino médio de modo geral falta diálogo do professor com o aluno. Ele não vê conexão do que é ensinado com sua vida prática. No EJA isso é ainda mais agravado.”

 

Ainda, segundo Maristela, nem sempre o aluno de EJA tem experiência escolar favorável, por isso a metodologia tem de ser eficaz. Caso contrário, não há um desenvolvimento de competência, e sim, um processo de memorização.

 

Sobre a baixa adesão ao Enem, Maristela diz que a maioria dos adultos que volta a estudar faz isso para cumprir uma exigência do mercado de trabalho e não tem intenção de continuar os estudos.

 

 

Fonte: G1

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