14006 é o numero de imigrantes africanos que perderam a vida tentando chegar à Europa

Por: Paulo Illes

 

Marcha de imigrantes durante o XI Foro Social em Dakar coloca o tema das migrações no centro do debate por outro mundo possível. Associações de Imigrantes da África subsaariana: Senegal, Marrocos, Argélia, Níger, Mali, Mauritânia e região denunciaram a morte de 14006 imigrantes africanos que tentaram chegar a Europa no ano passado. Uma Lista de mais de 40 metros de comprimento foi apresentada pelos organizadores da marcha, cujo tema era o direito à livre circulação. Direito cruelmente violado pelos inúmeros acordos de repatriação e de deportação firmados entre países da união europeia e países africanos.
Segundo testemunho de associações, tais acordos permitem a criação de centros de internamentos dentro dos países de transito, além disso, a criminalização e a perseguição nas fronteiras faz com que os imigrantes busquem outras rotas cada vez mais arriscadas e perigosas. Se por um lado, os mais de 30 painéis realizados denunciaram a realidade dos imigrantes africanos, por outro também foi duramente condenado a violência praticada contra imigrantes nas fronteiras do México com os Estados Unidos, o trafico de mulheres Filipinas e a exploração da mão de obra dos mais de 5 milhões de birmaneses na Tailândia e países mais ricos da Ásia.
A forte presença latino-americana, bem como os discursos de governos considerados progressistas, como Brasil despertou o interesse dos militantes. Pois países como Brasil e África do Sul, referentes para a imigração sul – sul poderia dar uma nova perspectiva junto às nações unidas, principalmente no que se refere à garantia dos direitos humanos. No entanto, o debate demostrou que não basta um discurso progressista, o que precisa de fato é uma mudança radical nas legislações sobre migração, a partir do paradigma da cidadania universal.
A diversidade de enfoques permitiu um amplo debate sobre migrações – não era de se estranhar, pois numa região que desde a colonização foi marcada pela migração forçada, pois ali está a Ilha de Gore, de onde partiram 20 milhões de pessoas de toda parte do continente para a escravidão no Brasil, Estados Unidos, América Central e Europa, e, atualmente é a principal rota para as Ilhas Canarias, de onde partem milhares de imigrantes, se estima que 30 mil só em 2010, além das repatriações.
A Declaração final da Assembleia de Movimentos Sociais destacou a luta pela livre circulação de pessoas, bem como condenou as causas da migração forçada o que deixa de imediato o desafio se ampliar o debate com o Foro Social Mundial de Migrações, o qual pela primeira vez será realizado no continente asiático, em Seul, Coreia do Sul em 2012.
Dakar, 13 de fevereiro de 2011
– Paulo Illes é Coordenador Centro de Apoio ao Migrante – CAMI/SPM. Coordenador Internacional Espacio Sin Fronteras – ESF www.cami-spm.org, www.espaciosinfronteras.org
Fonte: Alainet

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