Branquitude Normativa: Pesquisa analisa quantidade e teor da presença afrodescendente nos meios de comunicação

Com o intuito de estudar a presença afrodescendente nos veículos de comunicação, o professor Dennis de Oliveira, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, conduz a linha pesquisa Representações étnicas afrodescendentes na mídia. A linha trata tanto de aspectos quantitativos, como o número de ocorrências de presença de negros, como também qualitativos, com as maneiras em que se dá essa participação, para identificar como os aparelhos midiáticos mostram os negros nos principais meios de comunicação no Brasil.

Projeto de pesquisa apresentado pelo professor ao entrar no corpo docente da Universidade, no ano de 2003, a linha é conduzida por alunos sob orientação de Oliveira, principalmente em trabalhos de conclusão de curso e teses de doutorado e dissertações de mestrado.

Principais conclusões

Sobre o aspecto quantitativo, segundo o professor, nota-se uma participação muito pequena do afrodescendente na mídia em geral. Para comprovar tal fato, foi feito, no ano de 2009, um levantamento com alunos de uma escola pública do ensino médio de São Paulo, com o objetivo de verificar quais eram as principais revistas lidas por pessoas nessa faixa etária e classe social, para então se descobrir qual o percentual da presença negra nesses meios de comunicação.

Constatou-se que, nas revistas mais lidas pelo público em questão, dentre as pessoas que aparecem nas propagandas, fotos e reportagens, apenas 8,58 % eram negras. Em levantamento semelhante realizado nos Estados Unidos, com publicações de mesmo público-alvo, verificou-se porcentagem semelhante (8,85%) – o que ratifica o contraste, devido ao fato da população afrodescendente do Brasil ser, proporcionalmente, superior à dos EUA.

Pelo lado qualitativo, a situação também não é diferente. Para o professor, há dois aspectos principais: a minorização da população afrodescendente, com os negros aparecendo sempre sozinhos, ou cercados por vários brancos; e uma desqualificação da estética negra, em contrapartida ao que ele chama de “branquitude normativa”, pela qual tudo relacionado ao fenótipo branco é tido como normal, e o que está fora disso como exótico ou anti-estético.

Já para jornais impressos, o professor fala que além da presença de negros ser pequena, ela ocorre normalmente nos espaços lúdicos, como esportes, artes, celebridades, personalidades internacionais e outros. Discussões mais aprofundadas sobre as temáticas raciais ficam restritas à parte opinativa do jornal, com poucas reportagens e matérias sobre o tema.

“Existe uma pequena participação dos negros na mídia, e essa pequena participação se dá sob um princípio de desqualificação”, conclui Oliveira.

Motivações

O professor Dennis de Oliveira conta que sempre teve ligação forte com as questões étnicas, tendo participado, nos anos 1990, da ONG União de Negros pela Igualdade (Unegro). “Essa participação, aliada à minha formação de jornalista, foi o que me motivou a iniciar essa linha”, completa.

Ele destaca que faz parte de uma das funções do jornalismo estar atento à questões que envolvem a sociedade como um todo, e quando esse consolida elementos que reforçam uma sociedade desigual, como ocorre com a presença afrodescendente na mídia, não está “cumprindo seu papel”.

Oliveira também participa do Núcleo de Apoio à Pesquisas em Estudos Interdisciplinares sobre o Negro Brasileiro (NEINB), da USP, que estuda questões relacionadas ao negro no Brasil, nas mais diversas áreas do conhecimento.

Fonte: USP

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