Em Paris, museu reconta a ‘invenção do selvagem’ na Europa

“Freak shows” encerrados na década de 1930, as exposições coloniais reinventaram o Novo Mundo para os olhos europeus, com a exibição de “homens exóticos” de terras remotas, quase sempre sem respeitar a dignidade dos expostos, muito antes de os “direitos humanos” se consolidarem. Da apresentação do Tupinambá do Brasil, em 1550, até a chegada de esquimós a Copenhagen, em 1654, as narrativas sobre etnias desconhecidas cresceram em espetáculos monstruosos, com frequência revestidos pelo desejo de compreender uma parte desconhecida da humanidade. Figuraram esses shows cerca de 35 mil pessoas oriundas da Oceania, Ásia, África e Américas.

Em Paris, o museu do Quai Branly apresenta até 3 de junho uma parte dessa história. “A invenção do selvagem” resulta de uma pesquisa em 200 museus e reúne esculturas, pinturas, cartazes, postais, fotografias e fragmentos de filmes. Amazonas, anões, dançarinas do ventre, famílias africanas, mulheres barbadas, homens com deformidades, etc., integravam shows de aberrações que atraíram milhões de visitantes em países europeus.

Saartje Baartman, a “Vênus Hotentote”, explorada e prostituída no século 19 em Paris e Londres, protagonizou um dos casos mais emblemáticos dos espetáculos étnicos. O olhar ocidental, em muitas das representações dos colonizados, procurava referendar teorias racistas, sob o verniz da ciência. As exposições coloniais, de 1878 até 1930, exerceram um impacto no imaginário europeu que ainda tem seus vestígios no debate atual sobre a imigração. “A invenção do selvagem” oferece tanto a denúncia das brutalidades quanto um certo desconforto imperialista.

No Quai Branly, que tem se afirmado como um dos melhores museus parisienses, o visitante pode optar por um audioguia narrado pelo ex-jogador da Seleção francesa Lilian Thuram, presidente da Fundação “Educação contra o Racismo”.

Musée du quai Branly

37, quai Branly

75007 – Paris

Tél : 01 56 61 70 00

 

 

Fonte: Terra

+ sobre o tema

Padre é vítima de racismo em Serra Preta

Os internautas de Serra Preta ficaram perplexos com um...

Corpos negros e os efeitos da COVID-19

O ano de 2020 ainda estava em seus primeiros...

O papel dos negros na televisão brasileira

Em tempos em que continuamos a ver mulheres e...

Racismo institucional faz da população negra principal vítima de homicídios

Segundo estudo do Ipea, violência contra negros se expressa...

para lembrar

Polícia monta operação de combate a ataque neonazista na Parada Gay

Por: Kleber Tomaz   Cerca de 3 mil agentes...

Michelle Williams é acusada de racista ao posar como indígena para revista

Por Tatiana Sisti Michelle Williams foi acusada de racismo...

Garçonete vítima de racismo recebe ligação e convite de Axl Rose para show

Axl Rose soube da história Uma garçonete de Virginia nos...

‘Branco é pureza’: após polêmica, Nivea pede desculpa e remove publicidade racista

A Nívea lançou nos últimos dias peças publicitárias para...
spot_imgspot_img

A ‘inteligência artificial’ e o racismo

Usar o que se convencionou chamar de "inteligência artificial" (pois não é inteligente) para realizar tarefas diárias é cada vez mais comum. Existem ferramentas que, em...

Funcionária de academia será indenizada por racismo: “cabelo de defunto”

Uma funcionária de uma academia em Juiz de Fora (MG), na Zona da Mata, será indenizada em R$ 15 mil por sofrer racismo. De...

Efeito Madonna no Rio

Uma mulher. Uma mulher de 65 anos. Uma artista de fama planetária que, aos 65 anos, 40 de carreira, é capaz de mobilizar para...
-+=