Direitos humanos – Em defesa da população de rua

As chaves serão entregues a Leonildo até amanhã e elas abrirão o belvedere da Praça João Cândido, no bairro São Francisco, em Curitiba, que abriga a partir da semana que vem o primeiro Centro Estadual de Defesa de Direitos Humanos da População de Rua. É exatamente ali, no imóvel histórico que estava abandonado e pichado, que os moradores de rua terão suporte para resolver os mais diversos problemas: poderão fazer denúncias de espancamento, de violação de direitos humanos, pedir para acompanhar algum inquérito, solicitar ajuda para vender artesanato, para conseguir um imóvel para morar, ter atendimento médico e conquistar um emprego. Esse é o primeiro escritório específico para essa população e funcionará das 9 às 17 horas de segunda a sexta-feira.

O homem em questão, Leonildo José Monteiro Filho, é coordenador do Movimento Nacional da População de Rua. Já conseguiu computadores para colocar no belvedere, que está mobiliado. A Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SEJU) do Paraná, responsável pelo imóvel, irá ceder o espaço para o movimento sob regime de concessão. Além dela, há o apoio ainda das secretarias de Trabalho, da Família, de Saúde e do Ministério Público do Paraná.

A Itaipu enviará um valor para os custos operacionais (pagamento dos funcionários que ficarão no local para fazer o atendimento) e esse dinheiro será administrado pela Congregação da Missão Província do Sul dos padres e irmãos Vicentinos. Também participa do projeto o Núcleo de Práticas Jurídicas da Universidade Federal do Paraná, que auxiliará os moradores de rua nas questões do Direito. “A ideia é abrir parcerias com outras universidades e, depois que a Defensoria Pública estiver mais consolidada, lutar pela criação de um grupo especializado em população de rua para que ele possa dialogar com o centro da cidade”, diz o Diretor do Departamento de Direitos Humanos e Cidadania da SEJU, José Antonio Peres Gediel.

Trata-se do primeiro centro estadual criado no Brasil com esse enfoque. Existem centros em Brasília, Belo Horizonte e São Paulo, mas são todos de âmbito nacional. “Já se falava na criação de centros estaduais em 2009, quando um decreto foi feito sobre o assunto. Foi uma luta para consegui-lo”, diz Leonildo.

Hoje a população de rua de Curitiba conta com a ajuda da prefeitura, por meio da Fundação de Ação Social (FAS), principalmente na questão do albergamento e no trabalho de reinserção no mercado de trabalho. O novo escritório não fará papel de albergue, mas vai ajudar a população em questões jurídicas e em mobilizações por novas políticas públicas. “O objetivo é reorganizar as informações, traçar com detalhamento o perfil dos moradores de rua e melhorar as ações destinadas a eles. Hoje a prefeitura e as ONGs acabam realizando ações semelhantes, e nem sempre as que essa população quer e precisa”, explica Gediel.

 

Leonildo Monteiro Filho, coordenador do Movimento Nacional da População de Rua, comemora a abertura do belvedere para atender a população de rua.

O belvedere
A edificação, construída em 1915 para ser o mirante de Curitiba (estava no ponto mais alto da parte urbanizada da cidade), já serviu como sede de diversas outras atividades. Ela é considerada patrimônio histórico e tombada em âmbito estadual. Confira o que já funcionou ali:

1915 – Mirante

1922 – Sede da emissora de rádio do Paraná chamada PRB-2

1931 – Observatório Astronô­mico, da antiga Faculdade de Engenharia do Paraná

1962 – Sede da União Cívica Feminina Paranaense

2008 – Após reforma, ganhou novas cores. Foi usado como posto da Polícia Militar, mas logo foi fechado

 

 

Fonte: Gazeta do Povo

Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

+ sobre o tema

Reflexo da desestruturação do mercado, 63% dos brasileiros temem perder emprego

Seis em cada 10 trabalhadores brasileiros têm medo de...

Controle de emissoras por políticos leva à falsificação da democracia

Ação no STF pede inconstitucionalidade de outorgas concedidas a...

Oportunidades de trabalho

Gestor de Projeto CNDA O CNDA -...

‘Ovário artificial’ pode ajudar mulheres a engravidar após quimioterapia

Técnica foi testada com sucesso em camundongos, mas precisa...

para lembrar

Especialistas expõem seus argumentos na audiência pública sobre ensino religioso

Na sequência de apresentações da audiência pública sobre ensino...

A cada cinco dias, uma criança é estuprada dentro da escola, no Rio

O estado do Rio tem, em média, um caso...

Proibição do aborto, Eduardo Cunha e o Martelo das Bruxas

Na base do projeto de lei 5069 há uma...

Profissionais de saúde sempre emprestaram suas vozes para a defesa de temas controversos

Vozes renovadas no O Globo Na virada do ano, médicos americanos...
spot_imgspot_img

Comissão Arns apresenta à ONU relatório com recomendações para resgatar os direitos das mulheres em situação de rua

Na última quarta-feira (24/04), a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos D. Paulo Evaristo Arns – Comissão Arns, em parceria com o Movimento Nacional...

Estudo relata violência contra jornalistas e comunicadores na Amazônia

Alertar a sociedade sobre a relação de crimes contra o meio ambiente e a violência contra jornalistas na Amazônia é o objetivo do estudo Fronteiras da Informação...

Brasil registrou 3,4 milhões de possíveis violações de direitos humanos em 2023, diz relatório da Anistia Internacional

Um relatório global divulgado nesta quarta-feira (24) pela Anistia Internacional, com dados de 156 países, revela que o Brasil registrou mais de 3,4 milhões...
-+=