O baile de máscaras “Bem Te Viu, Bem Te Vê”, na Savassi – por Fátima Oliveira

Quem não foi, perdeu! O quarteirão do Ronaldo Fraga, emoldurado pelo lirismo do território da Savassi, virou um misto de Piazza de San Marco e Baile do Doge, o mais tradicional baile das máscaras de Veneza. A bióloga Ana Flávia Almeida & Companhia Ilimitada estão de parabéns pela concepção e realização da ideia. Estive lá, com a minha máscara de Colombina e uma peruca bem fashion, branca e lilás, bem veneziana, e me esbaldei de pular Carnaval até o último suspiro da banda Coceira no Bibico, que segurou a animação até 22h. Ficou um gostinho de quero mais… Eu ficaria ali até o sol raiar…

por Fátima Oliveira

O “Bem Te Viu, Bem Te Vê” foi uma bricolage de baile de máscaras e commedia dell’arte – “teatro popular improvisado e itinerante, de estrutura familiar, apresentado em praças e ruas, que começou no século XV na Itália e se desenvolveu na França até o século XVIII”. Scaramouche, Briguela, Isabela, Polichinelo, Capitão Matamoros, Pantaleone, Pierrô, Colombina, Arlequim (“Pierrô ama Colombina, que ama Arlequim, que também deseja Colombina”) são todos personagens que a commedia dell´arte celebrizou e eternizou…

Pela falta de petiscos e bebidas nas barraquinhas desde as 20h, fica explícito que a organização não esperava aquele mundaréu de gente! Lição para as próximas edições do baile de máscaras “Bem Te Viu, Bem Te Vê”, que caiu no gosto da classe média belo-horizontina. Tudo a ver com a origem do baile de máscaras, que, “introduzido pelo papa Paulo II, adquiriu força nos séculos XV e XVI, por influência da commedia dell´arte… O primeiro baile de máscaras de que se tem notícia no Brasil foi realizado no hotel Itália (Largo do Rócio, RJ), em 1840… De um lado, a festa de rua, ao ar livre e popular; do outro, o Carnaval de salão, que agradava, sobretudo, à classe média emergente no país”.

Imagina eu ali no “Bem Te viu, Bem Te Vê” pensando estar anônima! De repente aquela gritaria, em meio a risadas de médicos e residentes do Hospital das Clínicas: “É a Fátima! É a Fátima do PA, não é?”.

Cá com meus botões: essa meninada acha que eu nunca poderia estar aqui, é isso! Pensa que eu só sou trabalho, toureando em pronto-socorro entupido de gente (Padilha, meus sais!). Ufa! Respondi: “Ontem, era!”. Não teve jeito, tive de ficar foliando por ali… Já em casa, fiquei rememorando outros carnavais…

Repito: sou foliã do Carnaval de Sabará, talvez pela semelhança dos carnavais do meu tempo de Maranhão, antes da contaminação da carioquização (escolas de samba) e baianização (ritmo axé) dele:

“É o ar de festa do povo do lugar e os homens vestidos de mulher! No centro histórico, nas três praças da muvuca, quase toda casa vira uma venda de água, refrigerante, cerveja e de alguns `comes´; mulheres idosas nas janelas pulando Carnaval dentro de suas casas, na maior animação; e a criançada fantasiada, subindo e descendo as ruas, acompanhando os blocos, ao som das marchinhas de bandinhas que encantam serpentes… E eu, lá no meio da folia, sinto que todo mundo está ali pelo lúdico da vibração” (“O Carnaval de Sabará é mágico, caseiro e descontraído”, O TEMPO, 21.2.2012).

E bateu uma saudade imensa dos fofões do Carnaval maranhense, com seus macacões de chita de cores alegres, máscaras horripilantes, gracejando pelas ruas… A origem do fofão remonta à commedia dell´arte, mas não me perguntem como aportou e se fixou em São Luís, que não saberei responder…

Apenas que o fofão é personagem sagrado do Carnaval maranhense, desde que eu me entendo por gente…

Fonte: Tá Lubrinando

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