UFMG: Denúncia de racismo envolvendo um professor e um adolescente de 15 anos do Centro Pedagógico da Universidade

Mãe do estudante afirma que filho de 15 anos foi chamado de “macaco”.

Diretora de Centro Pedagógico vai abrir processo administrativo.

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apura uma denúncia de racismo envolvendo um professor e um adolescente de 15 anos do Centro Pedagógico da universidade, que funciona dentro do campus em Belo Horizonte. A mãe do estudante, que não quis se identificar, afirmou ao G1 nesta quarta-feira (20) que o filho foi chamado de “macaco” durante a aula. A direção da escola de ensino fundamental informou que vai abrir um processo administrativo. O caso teria ocorrido na segunda-feira (18).

Mãe do adolescente que teria sido vítima de
racismo não quis se identificar
(Foto: Pedro Triginelli/G1)

“O professor passou um filme e saiu da sala. Quando ele retornou todos estavam falando alto e rindo. O meu filho riu um pouco mais alto. O professor então pediu que todos saíssem. Foi aí que ele disse para o meu filho: ‘você vai ficar. Agora quero ver você rir, macaco, ri macaco'”, contou a mãe. O G1 foi até a escola, e o professor informou por meio da assessoria da direção que não vai se pronunciar.

A diretora da escola, Tânia Lima Costa, disse que a universidade repudia e não aceita qualquer ato de racismo. “A escola tomou ciência e comunicou as instâncias superiores. Vamos abrir um processo administrativo para apurar. Vai caber à comissão avaliar o que aconteceu para tomar as medidas cabíveis”, explicou.

De acordo com a mãe, na segunda-feira (18), ela entrou em contato com a escola, que pediu um tempo para apurar os fatos. Nesta quarta-feira (20), o colégio a chamou para uma reunião. “A direção está tomando todas as providências, mas o professor passou em um concurso para uma universidade em Ouro Preto e está saindo esta semana”, falou a mulher. A diretora não confirmou a saída do professor.

A mãe alegou que os alunos e uma estagiária maior de idade estavam dentro da sala e confirmaram o ocorrido. Ela afirma que conversou com o professor e que este assumiu que chamou o garoto de macaco, mas sem conotação racista e sim de brincadeira.

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Diretora explicou que um processo administrativo
vai ser aberto (Foto: Pedro Triginelli/G1)

De acordo com a diretora, alunos e professores foram ouvidos e, por isso, o processo foi aberto. A comissão tem um prazo de 60 dias para apurar os fatos. Caso seja comprovado a culpa do professor, ele pode receber um advertência verbal ou por escrito, ser suspenso e até demitido. Ela disse ainda que o professor tem cerca de 20 anos de escola e nunca se envolveu em confusões.

“O meu filho está muito chateado. Eu não sei o que vai ser daqui pra frente. Acho que ele [professor] é que precisa voltar para a escola. Vou mandar um e-mail para a universidade que ele vai ser transferido. Acho que tenho que alertar”, falou a mãe.  Ela afirmou que vai registrar um boletim de ocorrência na Polícia Militar ainda nesta quarta-feira (20).

Calourada
A recepção dos calouros do curso de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)  acabou se transformando em polêmica e virando assunto nas redes sociais nos últimos dias. As manifestações são contrárias ao trote dos estudantes e giram em torno de duas fotos: em uma delas, uma jovem aparece pintada de preto e tem uma placa de papel pendurada no pescoço com os dizeres “caloura Chica da Silva”, as mãos dela estão acorrentadas e um rapaz segura essa corrente; na outra imagem, três jovens, um deles com um pequeno bigode, fazem um gesto típico dos nazistas – a mão esticada para frente – ao lado de um rapaz amarrado a uma pilastra.

A vice-reitora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Rocksane de Carvalho Norton, disse, nesta terça-feira (19), que uma comissão de sindicância foi formada para investigar o trote. De acordo com uma portaria assinada pela direção da Faculdade de Direito, o grupo formado por três professores vai apurar as responsabilidades do fato ocorrido nesta sexta-feira (15).

Rocksane falou que a comissão tem 30 dias para chegar aos que participaram do ato, mas o prazo poderá ser prorrogado por mais um mês se todos os fatos não forem esclarecidos.

 

Fonte: G1

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