Na manhã desta sábado (04) o presidente da Fundação Cultural Palmares, Hilton Cobra e equipe, se reuniram com diversos representantes da cultura negra no estado de Alagoas, dentre eles o Instituto Raízes de Áfricas. O encontro ocorrido na sede do IPHAN, no bairro de Jaraguá, Maceió,AL teve como objetivo estabelecer um diálogo entre os gestor@s da Fundação e as lideranças negras alagoanas.
De acordo com o presidente da Fundação, essa primeira visita a Alagoas acontece como uma conversa para conhecimento e reconhecimento das pessoas, ações, territórios . Ouvir quem está do outro lado, ouvir as demandas em relação a cultura negra, ouvir muito, para que a partir daí a Fundação possa buscar caminhos para a equalização das demandas.
Segundo Cobra: “A Palmares tem que intermediar com o sistema MINC para que as coisas aconteçam- é o entendimento dessa gestão. Nosso orçamento é de 22 milhões ano. O custeio interno da Palmares é de 17 milhões e sobra apenas cinco milhões e novecentos mil para atender a todo Brasil. É impossível dar garantias que vamos fazer tudo que queremos.”
“A ministra Marta Suplicy tem dormido com a cultura negra. Já pensa em criar o Museu da Escravidão em Brasília. É uma ministra que trabalha de forma pragmática e efetiva”-complementou.
Uma das propostas de Cobra para trabalhar a Lei nº 10.639/03 nas comunidades quilombolas é a criação do Balaio da Cultura Negra que integrariam diversas ações educativas e culturais.
“A Palmares não tem como função a distribuição de cestas básicas para as comunidades quilombolas e sim cultura. O papel da Palmares é fazer a cultura circular”- afirmou o presidente.
Durante a reunião foram abordados diversos assuntos, como a proibição, pelo poder público, das manifestações de cultos afros nas praias de Maceió, AL, no dia 08 de dezembro, consagrado a Iemanjá, prática que continua gerando indignação entre segmentos. Casos que repercutem na vida do povo negro como os direitos para a população quilombola, a implementação da Lei nº 10.639/03, dentre outros, também foram abordados.
Participante da reunião, a coordenadora do Instituto Raízes de Áfricas, Arísia Barros levantou questionamentos sobre a revitalização, com ações efetivas e permanentes, do Parque Memorial Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga e a impossibilidade do trato da Lei nº 10.639/03. A coordenadora também inquiriu de como está sendo estruturado o Espaço Abdias Nascimento, dentro da atual reforma do Parque (que segundo Cobra serão concluídas em junho) foram questionamentos da coordenação do Instituto Raízes de Áfricas.
A professora Clara Suassuna, do NEAB/AL propôs a criação de um canal de comunicação permanente, do presidente com o movimento negro alagoano, através da teleconferência.
A visita de Hilton Cobra foi avaliada positivamente pelos participantes.
“Nós não podemos fazer tudo, mas enquanto tivermos braços e pernas, faremos”– finalizou Hilton Cobra.
Arísia Barros – Éramos quatro mulheres negras e vivenciamos o imperativo do racismo
Fonte: Cada Minuto