No último sábado, no curso de Mediação de conflito que estou fazendo na Associação Palas Athena,
tive a chance de, por duas vezes, compartilhar as razões que me estimularam a
iniciar este exercício literário. Numa manhã de inverno de 2001, caminhando
pela Rua Cônego Eugênio Leite, em Pinheiros, passei por uma mulher sentada na
calçada, que aparentava mais de 60 anos. Decidi comprar uma média e um pão com
queijo quente, e quando retornei para lhe oferecer ela, com toda delicadeza,
agradeceu e rejeitou a minha oferta. Por duas vezes repeti o gesto e a resposta
foi a mesma. Frustrado, caminhei em direção à próxima esquina e lá deixei o
café da manhã para os jovens que também dormiam ao relento.
Durante todo aquele dia a cena da senhora sentada e
dizendo para mim “Filho, muito obrigado, mas eu não preciso disso”, permaneceu
em mim e me fez perceber o quanto fui invasivo ao não perguntar se ela queria o
que eu pretendia oferecer.
Esse acontecimento mudou minha vida e me instigou a
fazer este exercício semanal, por meio do qual revisito minhas crenças e me
manifesto diante das situações que, a cada segundo, sou convidado a agir e me
posicionar.
Hoje busquei no fato original a inspiração para
cumprir esse compromisso e, com isso, renovar a determinação de continuar
percorrendo esse caminho literário, que nutre a minha existência e inspira o
meu viver. Por aqui, fico. Até a próxima.