Militantes do Movimento Negro criam “Frente Búzios” para protestos

Representantes do Movimento Negro participaram das manifestações ocorridas em Salvador e formaram um grupo batizado de “Frente Búzios”. Neste domingo, eles vão integrar o protesto organizado pelo Movimento Passe Livre Salvador. O trajeto será do bairro do Campo Grande até à Arena Fonte Nova, onde às 13h ocorre a disputa entre Uruguai e Itália pela Copa das Confederações.

“A partir do momento que percebemos a necessidade acompanhar e participar do ato, tendo em vista que mobilidade é um tema de muita importância para comunidade negra. Ter direito à cidade é uma de nossas demandas. E por isso resolvemos juntar as forças que dialoga e militante no campo racial para pensamos qual seria nossa postura nesse cenário que tá posto”, conta o representante do Centro de Arte e Meio Ambiente e militante do Movimento Negro, Ismael Silva.

O militante destaca ainda a necessidade de ter a representatividade do Movimento Negro nas manifestações. “Esperar que os manifestantes “classe média” como estão dizendo assumam e pautem as questões raciais é no mínimo ingenuidade. Ele não fariam isso, como nunca fizera na História do Brasil. Ou nos fazemos presente para garantir nossas demandas que extrapola essa pauta ou ficaremos a reboque”, complementa.

Silva ressalta ainda que a militância teve “ganhos” por ter conseguido entrar na produção da carta sobre mobilidade que foi apresentada ao prefeito da cidade. “Todos os 21 pontos repercutem diretamente em nossas vidas e sobretudo na vida do povo preto que vive nas periferias e que tem dificuldades de circular na cidade por conta de uma má distribuição, por conta da exclusão social construída secularmente no Brasil”, diz.

“Nós negros que moramos na periferia temos limites gritantes ainda no que tange ao direito de ir e vir”. Sobre a participação de negros e negras, Silva conta que observou protestos ainda com relação ao “genocídio da população negra, a não redução da maioridade penal, o estatuto nascituro e violência da polícia”.

Já sobre a ação da Polícia Militar, Silva considera que os PMs foram “racistas, violentos e truculentos”. “A PM como sempre é um órgão opressor e quando se trata de proteger o patrimônio privado , ele usam de qualquer método. A polícia se manteve racista, violenta e truculenta como sempre foi com nós negros”.

Em nota, a a assessoria da Secretaria da Segurança Pública (SSP) tem informado que a Polícia Militar vai continuar a utilizar os armamentos não-letais necessários para coibir atos de violência durante manifestações populares. De acordo com a SSP, “tais armas somente são usadas com o objetivo de garantir a ordem pública, depois de esgotadas todas as tentativas de negociação, e apenas em situações de extrema necessidade”.

O Ministério Público Federal da Bahia (MPF-BA) recomendou à Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP-BA) que suspenda o uso de spray de pimenta, gás lacrimogêneo e balas de borracha, pela Polícia Militar durantes as manifestações populares em Salvador. Os protestos ocorrem na capital baiana desde o dia 20 de junho.

Fonte: Correio Nagô

+ sobre o tema

para lembrar

Ombudsgirl – Roseli Fischmann

Isadora Faber, de 13 anos, aluna de escola pública...

Como promover uma educação antirracista

Ricardo Henriques defende que ter uma educação antirracista é...

Um breve resumo do tráfico transatlântico de escravos

Introdução Parte I por David Eltis (Emory University) no Slave Voyages O tráfico...
spot_imgspot_img

Geledés participa do I Colóquio Iberoamericano sobre política e gestão educacional

O Colóquio constou da programação do XXXI Simpósio Brasileiro da ANPAE (Associação Nacional de Política e Administração da Educação), realizado na primeira semana de...

Aluna ganha prêmio ao investigar racismo na história dos dicionários

Os dicionários nem sempre são ferramentas imparciais e isentas, como imaginado. A estudante do 3º ano do ensino médio Franciele de Souza Meira, de...
-+=