Grávida, solteira, mandada embora, deprimida e morta com 17 tiros: uma tragédia americana

 

Mirian

Gostei muito de Breaking Bad por mostrar os Estados Unidos como eles são: o professor de química que não tem a menor condição de pagar um tratamento de câncer e acaba virando traficante.

Uma história que li hoje me remeteu ao pesadelo americano. E me comoveu.

Uma mulher de 34 anos, Mirian Carey, profissional da área de higiene dental, tentou entrar com seu carro numa área proibida da Casa Branca. Segundo relato de sua mãe, Mirian sofria de depressão pós-parto. Sua filha de um ano estava com ela no carro.

A polícia tentou deter Mirian, mas ela não saiu do carro. Deu marcha à ré e arrancou. Câmaras de transeuntes captaram a perseguição, e a história é o assunto do dia entre os americanos.

Quando o carro finalmente parou, Mirian recebeu uma saraivada de tiros de vários policiais. Ficou desfigurada, o que dificultou a identificação.

Estava desarmada.

Por milagre, sua filha escapou incólume. Quer dizer, tanto quanto é possível você escapar incólume quando tem um ano e vê sua mãe ser fuzilada.

O que Mirian estava fazendo na Casa Branca? De acordo com versões de gente próxima a ela, Mirian imaginava que Obama estava se comunicando de alguma forma com ela. É possível que o aparente delírio fosse consequência dos remédios fortes que ela tomava para lidar com a depressão.

O que mais me doeu foi ver as circunstâncias de sua maternidade traumática.

Mirian trabalhava numa clínica odontológica quando levou um tombo que a levou a um hospital. Ali, ficou sabendo que estava grávida. Era solteira. Poucas semanas depois de retornar ao trabalho, foi mandada embora.

Grávida. Solteira. Desempregada. Não é fácil manter a sanidade mental em tais circunstâncias.

A proteção às grávidas nos Estados Unidos é zero. Numa frase frequentemente citada de um comediante, os Estados Unidos não dão educação pública de qualidade para suas crianças e nem saúde gratuita decente para seus velhos, mas são muito bons em atirar bombas em outros países.

Bem, também não dão muita coisa a grávidas como Mirian. O que ela recebeu mesmo, no fim, foram 17 tiros.

 

Fonte: Diário do Centro do Mundo

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