Bolsa Família é modelo para programa que atende cinco mil famílias em Nova York

Além dos EUA, Honduras, El Salvador, Gana, Quênia e África do Sul criaram programas similares . Governo diz que 63 países enviaram equipes para conhecer o Bolsa

“Este é um inovador programa de transferência de renda com condicionalidades que visa auxiliar os novaiorquinos a romper o ciclo de pobreza e é baseado em programas bem sucedidos ao redor do mundo”, disse o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, ao anunciar o Opportunity NYC, em 2007.

Bloomberg só não especificou que “ao redor do mundo”, no caso, significa o Brasil. Antes de implantar o Opportunity NYC, que hoje beneficia cinco mil famílias em bairros como Harlem e Bronx, o prefeito de Nova York enviou uma equipe a Brasília para estudar o Bolsa Família, programa que serviu de inspiração para a administração novaiorquina.

Pouco depois, em entrevistas à imprensa brasileira, a vice de Bloomberg, Linda Gibbs, admitiu que o exemplo nacional foi a principal inspiração do Opportonuty NYC devido à exigência de contrapartidas como a permanência de jovens na escola.

Dez anos depois de sua criação, o Bolsa Família é o maior produto de exportação da chamada tecnologia social brasileira. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), 63 países já enviaram equipes a Brasília para conhecer melhor o programa.

Do total, 25 países são africanos. Outros 20 são da América Latina e do Caribe. Mas o Bolsa Família também chama atenção de países desenvolvidos que historicamente foram objeto de inspiração para os brasileiros, como Estados Unidos, Canadá, França, Itália, Reino Unido, Alemanha e até a Noruega, uma das nações socialmente mais avançadas do planeta.

Além dos EUA, Honduras, El Salvador, Gana, Quênia e África do Sul criaram programas baseados no Bolsa Família. Pelo menos outras duas dezenas de países estudam a implantação de modelos similares ao programa brasileiro e mantêm contato direto com o MDS.

A demanda externa por informações sobre o Bolsa Família obrigou o ministério a fazer periodicamente os seminários Políticas Sociais para o Desenvolvimento, nos quais até 40 representantes de dez países diferentes recebem instruções sobre programa.

A Organização das Nações Unidas (ONU) e o Banco Mundial, subordinado ao FMI, estão entre os incentivadores do programa pelo mundo. Em 2007, o Banco Mundial publicou o documento “Uma revolução silenciosa muda a vida de milhões no Brasil e no mundo”, com elogios ao Bolsa Família. O texto ganhou espaço nas maiores publicações do mundo, inclusive na conservadora revista britânica The Economist. Na época, o presidente do Banco Mundial, Robert Zoelick, declarou que o modelo brasileiro “mostra que se pode fazer verdadeira diferença com programas modestos”.

PRÊMIO
Ontem, o Bolsa Família recebeu o prêmio Award For Outstanding Achievement In Social Security da Associação Internacional de Seguridade Social (ISSA), espécie de Oscar das políticas sociais. Ao anunciar a premiação em Zurique (Suíça), a ISSA disse que o programa brasileiro é uma “experiência excepcional e pioneira na redução da pobreza e promoção da seguridade social”.

O sucesso internacional do Bolsa Família é considerado um dos motivos que pesaram na escolha do brasileiro José Graziano, um dos idealizadores e implantadores do programa, para presidir a FAO, órgão da ONU responsável pelo combate à fome.

Em junho deste ano, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi a principal estrela de um seminário sobre combate à fome que reuniu chefes de estado africanos na Etiópia. No encontro foi fixado o objetivo de erradicar a fome no continente até 2025 por meio de programas baseados no Bolsa Família e adaptados à realidade local.

Segundo Celso Marcondes, coordenador executivo da Iniciativa África do Instituto Lula, 16 países africanos procuraram a entidade para obter informações sobre o Bolsa Família.

“A demanda por informações é muito grande. Praticamente todas as missões africanas que visitam o instituto querem conhecer o Bolsa Família”, diz ele. “Mas lá eles ainda estão na fase de debater a eficácia da distribuição direta de dinheiro”, completa.

De acordo com Marcondes, o formato final dos programas varia conforme a realidade local. Muitos países não têm rede bancária, cadastro ou estabilidade política. No Quênia, por exemplo, o governo contornou a ausência de rede bancária usando um sistema de compra e venda de créditos de telefone celular aproveitando o fato de que os aparelhos são muito populares no país.

Já na Somália, onde parte do território hoje é dominado por grupos piratas, o governo criou um sistema de cupons transportados por mascates que atravessam o país em lombo de burros. “Apelidamos de bolsa-burrico”, diz Marcondes.

Fonte: iG

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