Defasagem salarial entre negros e brancos confirma acerto das cotas no serviço público

Avaliação é da ministra Luzia Bairros. Estudo do Dieese mostra que negros têm média de salário até 36,1% menor do que a de não negros

A persistente defasagem salarial entre negros e brancos demonstra o acerto do governo na manutenção da política de cotas raciais, inclusive com sua ampliação para o âmbito do serviço público federal. Assim a ministra Luiza Bairros, titular da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), avaliou a pesquisa “Os Negros no Mercado de Trabalho”, divulgada na quarta-feira (13), pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

A ministra se referia ao projeto de lei, anunciado pela presidenta Dilma Rousseff, que reserva 20% das vagas do serviço público federal para a população negra. Segundo ela, que a medida é necessária para acelerar a participação desta população nos lugares de prestígio do mercado de trabalho, justamente o que mostra a pesquisa do Dieese: os negros representam 48,2% dos trabalhadores nas regiões metropolitanas. Mas a média do salário desta população chega a ser 36,1% menor do que a de não negros.

“A adoção de cotas nos concursos públicos no governo federal, eu tenho certeza, que vai servir de efeito demonstração também para outros setores. É uma medida com impacto extremamente grande, que certamente vai influenciar as empresas privadas, que ainda são mais tímidas, do ponto de vista de iniciativas como essas”, reiterou Luiza Bairros.

O levantamento do Dieese revela que os negros ocupam cargos de menor qualificação e, consequentemente, têm os salários mais baixos. O levantamento foi feito entre 2011 e 2012, nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo, além do Distrito Federal.

Defasagem também atinge a educação

A pesquisa também aponta desproporção também em relação à formação educacional. Dos negros trabalhadores, 27,3% não haviam concluído o ensino fundamental (que vai do 1º ao 9° ano) e apenas 11,8% conquistaram o diploma de ensino superior, ao passo que entre os não negros em atividade 17,8% não terminaram o ensino fundamental e 23,4% formaram-se em uma faculdade. E, segundo o Dieese, esse cenário se reflete nos ganhos salariais.

Ainda assim, mesmo com nível de estudo similar, os negros ainda saem perdendo na batalha por melhores salários. De acordo com o Dieese, um trabalhador negro com nível superior completo recebe na indústria da transformação, em média, R$ 17,39 por hora, enquanto um não negro chega a receber R$ 29,03 por hora. Isso pode ser explicado, segundo o departamento, porque “o avanço escolar beneficia a todos promovendo o aumento dos ganhos do trabalho, mas de maneira mais expressiva para os não negros”.

Fonte:Portal Dia Dia

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