Roda de ofícios – Por: Fernanda Pompeu

Profissões que desapareceram ou quase: motorneiro, acendedor de lampião de rua, lanterninha de sala de cinema, datilógrafo, tocador de realejo, telefonista, leiteiro, engomadeira, arquivista, fotógrafo de parques, faquir, encantador de serpentes.

Outras que apareceram: operador de telemarketing, turismólogo, gerontólogo, especialista em informática, engenheiro ambiental, ombudsman, big brother, caçador de talentos, blogueiro, analista de redes sociais, exportador de fitinhas do Senhor do Bonfim.

Sempre esse foi-virá de técnicas e ocupações. Sucessão de afazeres que aprendemos para podermos realizar, ganhar dinheiro, se sentir útil, se fazer necessário. Ou, na maioria dos casos, para ter o que comer e onde dormir.

No vasto mundo dos ofícios, de forma particular, me fascinam os trabalhos feitos à mão. Talvez por trazerem a presença, a história de quem os faz. Mais ainda, o feito à mão nunca é perfeito, irreparável, replicável como os objetos fabricados à máquina.
Na minha remotíssima infância, no caminho a pé que eu fazia da residência à escola, havia uma janela de casa que atraía meu olfato e imaginação. Eu me punha, do outro lado da rua, na ponta dos olhos para espiar.

Por trás da janela, um homem velho fazia lápis. Dezena deles. O artesão abria canaletas nas tabuinhas, punha o grafite. Depois ele aplicava outra canaleta por cima. Saía um sanduíche de lápis que no lugar de ser comido ia para uma prensa.

O melhor era o varal em frente à casa. Ele pendurava os lápis, os expunha para quem quisesse pagar por eles. Eu, é claro, não tinha dinheiro. Mas havia o imenso prazer de observar. Foi nessa oportunidade que aprendi ser possível admirar sem comprar, desejar sem ter.
Hoje minha prática de desapego é pródiga. Já me desfiz da biblioteca, de roupas que não uso. Joguei no lixo suvenires de viagens, e-mails de amor. Até me descolei de uma infinidade de símbolos queridos.

Mas mantenho minha coleção de lápis. Exagerada e bela. Tenho uma gaveta funda e larga só para eles. Alterno o uso para que nenhum acabe. Toda manhã escolho o lápis do dia. Por 24h será meu parceiro e companheiro.

Fonte: Yahoo

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