TJ concede habeas corpus à aposentada condenada por racismo

Mario Cesar Carvalho e Felipe Souza

 

 

 

O Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu em caráter liminar (provisório) que a aposentada Davina Castelli, 72 anos, condenada a quatro anos de prisão por racismo, responda ao recurso em liberdade, usufruindo do habeas corpus. Ela ofendeu três negros no Top Center, um shopping da avenida Paulista, em novembro de 2012. Sua condenação foi revelada pela reportagem no último sábado.

Castelli, que trabalhou na área jurídica da Aeronáutica, não chegou a ser presa, pois não foi encontrada. Vizinhos disseram que ela está em Guarujá, no litoral de São Paulo, onde tem um apartamento. Ela teria viajado para a cidade há cerca de dois meses.

A defensora pública Regina Bauab Merlo alegou, no pedido de habeas corpus, que a Castelli teve a prisão decretada antes mesmo de ser intimada pessoalmente da sentença. Segundo ela, isso “configura o constrangimento ilegal e afronta o princípio de presunção da inocência”. A aposentada não recebeu o oficial que foi intimá-la.

Em sua decisão, o relator Paulo Antonio Rossi disse ter concedido o habeas corpus à aposentada para que ela aguarde o desfecho do processo em liberdade até que a “questão seja melhor examinada.”

“Macaca, eu não gosto de negro; negro é imundo; a entrada de negros no shopping deveria ser proibida; odeio negros, negros são favelados”, disse a aposentada às três vítimas na época. Ela foi condenada por injúria racial.

Cada um dos negros receberá R$ 28.960 por danos morais. Os injuriados eram a corretora Karina Chiaretti, a vendedora Suelen Meirelles e o supervisor predial Alex Marques da Silva.

A juíza Giovana de Oliveira havia determinado que a aposentada fosse presa imediatamente por “descaso e desrespeito à Justiça”. A decisão é incomum para esse tipo de crime.

Ao oficial, disse que não ia responder processo algum nem falar com juiz. Ela só depôs na delegacia, onde negou ter ofendido os negros.

Na farmácia onde ocorreu o crime no shopping, ela pediu para “ser atendida por alguém da minha cor”. Na portaria do seu prédio, colado ao cine Gazeta, um porteiro negro diz ter ouvido dela: “Macaco! Volta para a selva?”.

Há até mesmo um vídeo no YouTube com o título “Racista da Paulista”, no qual ela ofende um policial.

Racista da Paulista pagará R$ 28.960 para cada uma de suas vítimas

Fonte: JC Net

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