Bahia lidera, pelo sexto ano consecutivo, o ‘ranking’ nacional dos assassinatos de homossexuais

No último sábado, 10 de março, dois jovens homossexuais foram brutalmente espancados por seis homens na Estação de ônibus Pirajá, em Salvador. O motivo do crime? Os dois garotos são homossexuais e, ao descer do ônibus, trocaram gestos de carinho, como qualquer casal de namorados. Quando um dos rapazes encostou a cabeça no ombro do seu namorado, seis homens apareceram e partiram pra cima do casal com pedaços de madeiras e facas. Os jovens tentaram escapar, mas foram cercados e golpeados. Ao cair, uma das vítimas foi atingida na cabeça, o que lhe rendeu cerca de 10 pontos no local do ferimento. Durante a agressão, os criminosos chamavam os jovens de “viadinhos” e “bichas”.

por Raíza Rocha, de Salvador (BA)

Infelizmente, a homofobia não parou por ai. Só depois de passarem por três delegacias, nos bairros de Cajazeiras, Pau da Lima e São Caetano, os jovens conseguiram registrar queixa. Em cajazeiras, os policiais se recusaram a fazer o Boletim de Ocorrência porque a “impressora estava quebrada”. Já no Bairro de Pau da Lima, a queixa não teria sido oficializada porque o local do crime (Estação Pirajá) “não era a área de cobertura da delegacia”. Somente, dois dias após a agressão, na noite de segunda-feira, o casal de homossexuais conseguiu realizar o B.O. na 11ª Delegacia de Polícia, localizada no bairro de Tancredo Neves. O crime foi registrado como “lesão corporal”, uma vez que homofobia ainda não é crime no Brasil.

Em repúdio à agressão homofóbica sofrida pelos dois jovens recentemente, o Grupo Gay da Bahia (GGB) convocou um ato, na praça da Piedade, para o dia 21 de março. Durante a manifestação, cruzes irão simbolizar o assassinato de homossexuais que ocorrem sistematicamente no estado. O PSTU estará presente com a bandeira da criminalização da homofobia já!

Bahia, a terra da homofobia.

Este foi mais um crime de ódio, motivado unicamente pelo preconceito, entre tantos outros que fazem da Bahia um dos estados mais homofóbicos do país. Segundo pesquisas do GGB, o estado ocupa, pelo sexto ano consecutivo, o primeiro lugar no ‘ranking’ dos assassinatos de homossexuais. Só nos primeiros 20 dias deste ano, seis homossexuais foram assassinados. Quatro foram em Salvador e os outros dois, no interior baiano. Na capital, foram assassinados duas lésbicas, um travesti e um gay. Nestes três primeiros meses de 2012, os números já chegam a 11 mortes violentas contra homossexuais.

O assassinato de lésbicas, gays, travestis e transexuais não é nenhuma novidade na Bahia e nem no Brasil. De acordo com o GGB, no país, um homossexual é morto a cada 36 horas e esse tipo de crime aumentou 113% nos últimos cinco anos.

Diversos casos ganharam repercussão na mídia, mas nenhuma medida concreta foi tomada por parte dos governos. Pelo contrário, a exemplo do governo Dilma, políticas que poderiam combater a homofobia foram engavetadas em nome da aliança com os setores mais conservadores da sociedade, como a bancada fundamentalista cristão do congresso.

Enquanto os números de assassinatos contra homossexuais só aumentam, Dilma trocou o kit “Escola sem Homofobia” (kit anti-homofobia) por votos da bancada evangélica e grupos católicos no Congresso Nacional numa tentativa de salvar a cabeça de Palocci, denunciado por corrupção. Além disso, em nome desta aliança, o projeto de lei que criminaliza a homofobia, o PLC 122/6, permanece engavetado desde 2006.

Basta de homofobia e mortes!

A impunidade é ainda o maior incentivo aos crimes homofóbicos. A aprovação imediata do projeto de lei que criminaliza a homofobia, na sua versão original, portanto, é fundamental para reduzir os índices de violência contra homossexuais. Infelizmente, Dilma já demonstrou que não pretende abrir mão dos seus aliados para combater a homofobia. A aprovação do PL só será possível com a intensificação das lutas do movimento LGBT junto à classe trabalhadora.

Fonte: PSTU BAHIA

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