Câmara de Representantes dos EUA aprova reforma da saúde proposta por Obama

A Câmara de Representantes dos EUA (equivalente à Câmara dos Deputados do Brasil) aprovou em votação histórica e apertada na noite deste domingo (21) a polêmica reforma da saúde proposta pelo presidente Barack Obama. A nova lei foi aprovada por 219 votos contra 212. Eram necessários pelo menos 216 votos favoráveis. Ao todo, 34 deputados democratas –do partido de Obama– votaram contra a reforma, que passa a beneficiar mais de 30 milhões de norte-americanos que não tinham cobertura médica.

 

Aprovada na Câmara, o projeto segue agora para votação no Senado, em um procedimento chamado de “reconciliação”, que permite a aprovação por maioria simples de 51 votos, o que deve ser conseguido com facilidade pelos democratas. O texto deve ainda ser sancionado por Obama.

 

A reforma do sistema de saúde é uma das principais bandeiras da política interna de presidente Barack Obama e é considerada uma das maiores reformas sociais da história do país.

 

A votação ocorre após um ano de confronto e de uma dramática semana, na qual Obama fez intensa campanha para obter apoio ao projeto, fundamental para seu futuro político.

 

Antes aprovação, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos havia aprovado, no início da noite deste domingo, as regras para a votação final do projeto. A definição das regras foi aprovada com 224 votos a favor e 206 contra, numa prévia do que seria a posterior votação da reforma.

 

Também antes do início da votação, milhares de ativistas protestaram do lado de fora do Capitólio (Congresso dos EUA) portando faixas amarelas dizendo “Não Pisem em Mim” e gritando “matem a proposta”. Muitos entraram no Congresso e ficaram passeando pelos corredores para atrapalhar os procedimentos da Câmara.

 

Neste domingo, o presidente Obama se comprometeu a assinar documento que reafirma a vigente proibição aos abortos com dinheiro público, o que ampliou sua margem de apoio à reforma entre os democratas conservadores.

 

O projeto visa, principalmente, a ampliar a cobertura médica a 32 milhões de americanos que hoje não têm qualquer tipo de assistência. Com a lei, 95% dos quase 300 milhões de habitantes dos EUA terão cobertura médica, após uma reforma que custará US$ 940 bilhões de dólares em 10 anos.

 

O sistema americano de saúde sofre críticas há quase um século. Gerações de presidentes, desde Theodore Roosevelt (1901-1909) a Bill Clinton (1993-2001), não conseguiram aprovar seus projetos para modificar a situação.

 

As empresas de plano de saúde se opuseram fortemente ao projeto, que acabará com práticas da indústria médica como a recusa de cobertura a pessoas com doenças pré-existentes.

 

Críticos republicanos dizem que o projeto é uma intromissão no setor dos planos de saúde e que causará aumento de custos, do déficit orçamentário e redução na escolha dos pacientes.

 

A iniciativa passou pelo Senado no final de dezembro, e desde então sofreu numerosas modificações.

 

No sábado, Obama foi pessoalmente ao Congresso para pedir apoio à reforma: “se vocês acreditam de alma e consciência que não vamos melhorar a situação atual (…) então votem não (…), mas se estão de acordo sobre o fato de que o sistema não atende mais as famílias modestas, se vocês conheceram as mesmas histórias que eu por todo o país, me ajudem a consertar este sistema”.

 

“Não façam isto por mim, não o façam pelo Partido Democrata, façam pelo povo americano”.

 

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Foto: Gerald Herbert/AP
  • O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, durante pronunciamento após a aprovação da reforma da saúde, ao lado do vice, Joe Biden
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Chamado da história

Na noite deste domingo, após a aprovação da proposta, Obama voltou a se manifestar a respeito do projeto e agradeceu os votos dos parlamentares favoráveis ao projeto. Durante pronunciamento, o presidente dos Estados Unidos assegurou que a histórica aprovação na Câmara de Representantes (Deputados) da reforma do sistema de saúde “responde aos sonhos de muitos americanos”.

 

“O voto de hoje não foi fácil para muitos dos congressistas, mas é o voto correto. Esta noite nos elevamos acima da política… E demonstramos que somos capazes de fazer grandes coisas”, disse Obama. “Esta noite respondemos ao chamado da História”, completou.

 

“Não afastamos nossas responsabilidades, as abraçamos. Não nos acovardamos perante o futuro, lhe damos forma”, declarou Obama, que antes de sua breve declaração, após a qual não aceitou perguntas, tinha ligado para a presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, para felicitá-la.

 

O primeiro dos projetos de lei aprovado esta noite, que contém o grosso da reforma e que já recebeu o sim do Senado em dezembro do ano passado, passa agora a Obama para sua assinatura e conversão em lei.

 

O segundo irá para o Senado, que deve vê-lo esta semana e possivelmente votá-lo na sexta-feira (26) ou no sábado (27).

 

A Casa Branca informou que Obama assinaria a lei esta terça-feira (23). O presidente deve se deslocar esta semana fora de Washington para promover a medida.

 

Segundo explicou o porta-voz presidencial, Robert Gibbs, Obama acompanhou a votação do salão Roosevelt da Casa Branca, em companhia de cerca de 40 funcionários.

 

Quando a reforma foi aprovada houve “vivas e aplausos” e “abraços generalizados”, enquanto Obama cumprimentava seu chefe de Gabinete, Rahm Emanuel, segundo Gibbs

Fonte: Notícias UOL

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