Carona no PT amplia desconforto com DEM

Presidente da legenda aliada de Serra considera uso do nome de Lula no jingle de campanha do candidato tucano uma bobagem

A muleta que o candidato ao Palácio do Planalto pelo PSDB, José Serra, usou para se apoiar na imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no programa eleitoral exibido no início da tarde foi criticada por aliados e cientistas políticos. O mal-estar generalizado fez a campanha tucana limar a relação no programa veiculado à noite. A maior insatisfação concentrou-se no DEM, que coleciona atritos nos bastidores com os tucanos. O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), classificou de bobagem o jingle de Serra e não quis se estender na avaliação sobre o programa, argumentando que não tinha assistido. “Aquilo foi bobagem”, disse, sobre a música tema do candidato aliado. O comentário aumenta a temperatura das relações entre Maia e Serra. A orientação era não entrar no cerne do programa para evitar deixar à mostra as fraturas entre democratas e tucanos. “Prefiro não comentar”, esquivou-se o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA).

No PSDB, a avaliação é que politicamente a propaganda errou ao citar Lula. “Não é do meu gosto. Eu não usaria. Não quero dizer que foi erro (o jingle), mas eu particularmente não faria. Os que estão cuidando do marketing político devem saber. Vamos ver o resultado”, afirmou o líder do PSDB na Câmara, João Almeida (BA). O líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), criticou a ênfase de Serra em sua formação profissional e afirmou que PSDB cometeu mais um erro ao usar o nome de Lula na campanha tucana. “O fato é que ele (Serra) não foi feliz na escolha do jingle. Não pegou bem`, atacou.

O cientista político da Universidade de Brasília Leonardo Barreto classificou de estranha a tentativa de Serra de se escorar em Lula. “Um governador paulista sambando numa favela carioca falando bem do Lula é uma coisa de louco, algo estranho”, disse Barreto. Para ele, Serra terá de ser mais agressivo nas próximas inserções para avançar em cima do eleitorado de Dilma Rousseff e evitar o cenário de vitória em primeiro turno da petista, que se desenha nas últimas pesquisas de intenção de votos.

Para o cientista político da UnB, a temperatura amena de Dilma deve-se à posição sustentada nos levantamentos. “Para ela, essa é a tônica. Ser mais conservadora, propositiva. O Serra não vai poder se dar a esse luxo. Vai ter que abandonar o tom conciliador e apelar para a campanha negativa e tentando retirar votos da candidata”, afirmou Barreto.

Histeria

Para o deputado João Almeida, Dilma apareceu “maquiada” e artificial. “Na propaganda do PT, apareceu mais Lula que Dilma e a Dilma que apareceu é artificial. Não é a Dilma que conhecemos no trato com a imprensa e o Congresso, é uma Dilma maquiada”, observou.

Enquanto os tucanos se acertam sobre a estratégia, os petistas ironizam a citação de Lula. “Nós temos muito orgulho em apresentar nosso presidente. Esperávamos que a militância do PSDB também tivesse orgulho do presidente deles e não precisasse citar o nosso”, alfinetou o deputado José Pimentel (PT-CE).

O cientista político Marcus Figueiredo, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, disse que os programas terão de conciliar o tom emotivo e propositivo para não criar uma histeria eleitoral. “Se o conteúdo for bom e a estética for ruim, o telespectador não vê. O contrário também é verdade. É preciso balancear as duas coisas. A menos que queiram produzir uma histeria, aí vira emoção pura o programa”, disse Figueiredo.

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