Chefão da Abril: “Imprensa pecou feio. É a vida”

Jornalista José Roberto Guzzo, membro do conselho editorial da Editora Abril e um dos responsáveis pela linha editorial de Veja, que previu estádios prontos apenas em 2038, reconhece a pisada de bola; “É bobagem tentar esconder ou inventar desculpas: muito melhor dizer logo de cara que a imprensa de alcance nacional pecou de novo, e pecou feio, ao prever durante meses seguidos que a Copa de 2014 ia ser um desastre sem limites. O Brasil, coitado, iria se envergonhar até o fim dos tempos com a exibição mundial da inépcia do governo”, diz ele; “deu justamente o contrário”, lamenta, antes de um conformado “é a vida”; de fato, a Abril perdeu de goleada ao apostar no mau humor

A revista Veja deste fim de semana traz um mea culpa de um dos homens fortes da Editora Abril, o jornalista José Roberto Guzzo, que já dirigiu Veja e Exame, pertence ao conselho editorial da casa e é um dos responsáveis pelas políticas editoriais do grupo. O texto, chamado “Errando à luz do sul”, confirma a tese da presidente Dilma Rousseff, que na sexta-feira, falou que a imprensa nacional errou bastante ao prever um desastre na Copa.

Sem rodeios, Guzzo vai direto ao ponto. “É bobagem tentar esconder ou inventar desculpas: muito melhor dizer logo de cara que a imprensa de alcance nacional pecou de novo, e pecou feito, ao prever durante meses seguidos que a Copa de 2014 ia ser um desastre sem limites. O Brasil, coitado, iria se envergonhar até o fim dos tempos com a exibição mundial da inépcia do governo para executar qualquer projeto desse porte, mesmo tendo sete anos para entregar o serviço”, diz ele.

“Deu justamente o contrário. A Copa de 2014, até agora, foi acima de tudo o triunfo do futebol”, diz ele. “Para efeitos práticos, além disso, tudo funcionou: os desatinos da organização não impediram o espetáculo, os 600 000 visitantes estrangeiros acharam o Brasil o máximo e 24 horas depois de encerrado o primeiro jogo ninguém mais se lembrava dos horrores anunciados durante os últimos meses. É a vida”, lamenta.

Guzzo reconhece ainda o risco das apostas erradas, como fez Veja ao prever que os estádios só ficariam prontos em 2038. “A Copa de 2014 é uma boa oportunidade para repetir que a imprensa erra, sim – mas erra em público, à luz do sol, e se errar muito acabará morrendo por falta de leitores, ouvintes e telespectadores. Ao contrário do governo, que jamais reconhece a mínima falha em nada que faça, a imprensa não pode esconder suas responsabilidades”.

Na última linha, porém, ele faz um alerta. “Esperemos, agora, a Olimpíada do Rio de Janeiro”. Será que Veja vai liderar o movimento #naovaiterolimpiada?

Fonte: Brasil 247

+ sobre o tema

O “Esquenta”, de Regina Casé, é o programa mais racista da TV? por Marcos Sacramento

Ela envia uma mensagem retrógrada com seus estereótipos dos...

Rosane Borges é Conferencista em Congresso Internacional de Comunicação

Professora Rosane da Silva Borges, jornalista e doutora em...

“O Barão de Itararé e o perigo, a sedução e a resistência da imprensa independente!”

por Ras Adauto Aos meus amigos e amigas jornalistas Independentes! Para...

Juca Ferreira defende regulação urgente dos meios de comunicação

por Altamiro Borges, do Viomundo A Secretaria de Imprensa da Presidência da...

para lembrar

Como o DCM fez o G1 mudar sua política de comentários

  Os editores da Globo ouviram o DCM. Foi estancada...

A telenovela vai às urnas

Por Muniz Sodré Diz-me um tanto surpresa uma jovem repórter...

Swissleaks fisga barões da mídia e jornalistas

Entre os personagens que mantêm ou mantiveram contas numeradas...

Na véspera da demissão, Rezende criticou “má vontade” da mídia com governo

Um dia antes de ser demitido da GloboNews, onde...
spot_imgspot_img

Plataforma de semiótica abre inscrições para curso sobre racismo e Mídia no Brasil

Com forte adesão de profissionais, estudantes e pesquisadorxs de Comunicação em todo o Brasil, o curso 'Racismo e Mídia no Brasil: uma abordagem semiótica'...

Como a mídia ajudou a construir o “mito” que ameaça a democracia

Décadas de discurso anti-política, anti-PT e em prol da intolerância forjaram o caminho para que fascistas chegassem onde estão Por Helena Martins Do Carta Capital Nos últimos...

Manifestantes tomam o Largo da Batata, em SP, para lutar contra o fascismo

As manifestações contra a escalada do ódio e do fascismo convocadas por mulheres ganharam as ruas de mais de 30 cidades no Brasil e de 15...
-+=