Por: AFONSO BENITES e MÁRCIO PINHO
Também foi assassinado morador de conjunto habitacional próximo; segundo polícia, vítimas eram viciadas em crack
Para polícia, principal hipótese é que crime tenha sido cometido por pessoas “incomodadas” com a presença dos sem-teto
Seis rapazes com idades entre 25 e 35 anos -cinco deles moradores de rua- foram assassinados a tiros na madrugada de ontem debaixo de um viaduto no bairro do Jaçanã, na zona norte de SP. Os disparos foram feitos a uma distância inferior a cinco metros.
As vítimas, que, segundo a polícia, eram viciados em crack e cometiam pequenos crimes na região, estavam dormindo. Para a polícia, a principal hipótese é que os assassinatos tenham sido cometidos por pessoas que estavam “incomodadas” com a presença deles.
A chacina ocorreu por volta da meia-noite. Quatro pessoas em duas motos chegaram ao local, na rua Anoriaçu, e começaram a atirar. Mesmo ferido, um deles fugiu, andou quase 100 metros e pediu socorro. Ele morreu no hospital.
Dos seis, só um não vivia nas ruas. Manoel do Nascimento Batista Cerqueira Júnior, 29, que morava em um conjunto do Cingapura vizinho, foi morto a poucos metros dali. A polícia não sabe se ele havia testemunhado o crime ou se tinha ido ao local consumir drogas.
Uma mulher, que segundo a polícia vivia com o grupo, levou um tiro na cabeça e passou por uma cirurgia. Está internada sob proteção policial.
Até a conclusão desta edição, só dois sem-teto foram identificados: Adriano de Jesus, 25, e Reinaldo Rodrigues, 26.
Segundo testemunhas, o grupo vivia embaixo de uma alça de um viaduto, na divisa entre Guarulhos e São Paulo, há pelo menos dois anos. No local, há estabelecimentos, como postos de gasolina e lojas de ferramentas, uma favela conhecida como Favelinha das Torres e um conjunto do Cingapura.
Ao menos três pessoas que trabalham no local confirmaram à reportagem que o viaduto era considerado perigoso por conta da presença dos moradores de rua. O dono de uma das lojas da região afirmou que vários clientes já relataram ter sido roubados. “Quem passava por lá ficava apreensivo”, diz a secretária Tatiana Almeida, 28.
Outra hipótese
A suspeita da polícia é que o grupo foi assassinado por pessoas que se sentiam incomodadas com a presença deles. “Acho a possibilidade mais provável. Mas tudo será investigado”, disse o delegado Pietrantonio de Araújo, do 73º DP.
Outra hipótese é que a morte tenha sido motivada por vingança de uma mulher, parente de um policial militar, que teve a bolsa furtada por um dos sem-teto. “O problema é que não foi feito nenhum registro desse furto”, disse o delegado Luiz Fernando Teixeira, do departamento de homicídios.
Foi a oitava chacina no ano no Estado, somando 34 mortos. Anteontem, seis pessoas foram mortas em São Bernardo.
Fonte: Folha de S.Paulo