Cursos para professores têm baixa procura

MEC fará campanha na TV para estimular pré-inscrição dos profissionais da rede pública

Amanda Cieglinski, do EBC

BRASÍLIA. A baixa adesão dos professores da rede pública ao programa federal que oferece cursos gratuitos de licenciatura está preocupando o Ministério da Educação. Quinze dias após a abertura do prazo, apenas 3.488 profissionais fizeram a pré-inscrição pela internet, o que corresponde a 6,59% do total de 52.894 vagas que estarão disponíveis no segundo semestre deste ano.

 

As vagas serão oferecidas inicialmente em 18 estados, entre eles o Rio. Preocupado, o MEC lança hoje uma campanha publicitária na TV. A aposta é que o público-alvo do governo – professores de escolas estaduais e municipais – desconhece o programa e os procedimentos de pré-inscrição pela internet (http://freire.mec.gov.br).

 

– Não tenho dúvida de que é questão de falta de divulgação – disse ontem o secretário de Educação a Distância, Carlos Eduardo Bielschowsky.

Rio tem maior percentual de interessados nas vagas O prazo de pré-inscrição vai até 30 de julho. O Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica prevê formar 330 mil professores da rede pública até 2015. O grupo inclui profissionais sem diploma universitário, sem licenciatura (curso específico que forma professores) ou que têm diploma, mas não da disciplina que lecionam.

 

As vagas foram distribuídas conforme a necessidade de cada estado. Em números absolutos, a Bahia tem a maior oferta para o segundo semestre: 18.805 vagas, das quais apenas 360 já foram preenchidas (1,91%). Até ontem, o menor índice de preenchimento ocorria no Maranhão e no Piauí, com 1,17%. O Rio tem o maior percentual de interessados: 63,68% – 512 professores interessados nas 804 vagas. Em números absolutos, Pernambuco registrava a maior procura, com 720 pré-inscritos (18,85%).

 

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia, Rui Oliveira, o problema é de falta de divulgação. Ele diz que a informação não chegou às escolas.

 

– Os governantes ficam fazendo política de gabinete e não chega na ponta – criticou Oliveira.

– O programa é novo e foi lançado nas férias. É uma boa iniciativa. Os professores têm todo o interesse em participar- disse o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Franklin de Leão.

 

Os cursos serão oferecidos por 90 universidades, das quais 76 são públicas e as demais, comunitárias.

 

Das 330 mil vagas, 48% são para cursos a distância.

 

A previsão é que novas turmas ingressem a cada semestre, até o fim de 2011. O MEC avalia que a abertura das pré-inscrições no dia 30 de junho dificultou a mobilização dos professores, por causa do período de férias escolares.

 

Além da campanha na TV, o ministério vai distribuir 500 mil cartilhas nas escolas públicas dos 18 estados e já enviou emails a 250 mil professores.

 

Na Bahia, o diretor do Instituto Anísio Teixeira, órgão da Secretaria de Educação responsável pela formação de professores, Penildon Silva Filho, diz que a rede estadual vai liberar os docentes uma semana por mês para que possam assistir às aulas. As licenciaturas são os cursos universitários que formam professores para lecionar da 5osérie do ensino fundamental até o último ano do ensino médio.

 

Bielschowsky explica que o formato dos cursos foi planejado para se adequar à realidade dos docentes, com aulas nos fins de semana, nas férias ou à noite.

 

 

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