Por Luiz Carlos Azenha
Um colunista da Folha diz hoje que “houve duas relações entre o Brasil e os Estados Unidos durante os oito anos de poder de Lula no Palácio do Planalto. Em público, paulada nos norte-americanos. Em privado, afago nos irmãos do norte”.
Ele se baseia em vazamentos do WikiLeaks. Em primeiro lugar, é preciso destacar que os vazamentos estão longe de refletir toda a comunicação entre Brasil e Estados Unidos no período. Tratam, tão somente, da visão de diplomatas americanos baseados no Brasil. E os encontros entre líderes? E as conferências internacionais?
Para além do erro de tomar a parte pelo todo, o colunista simplesmente desconhece os fatos que marcaram a relação entre Brasil e Estados Unidos.
No governo Lula o Brasil ajudou a enterrar a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), desacoplou a economia brasileira da dos Estados Unidos (ao pagar o Fundo Monetário Internaci0nal e expandir o relacionamento comercial para muito além de Washington), ajudou a sustentar Hugo Chávez na Venezuela (uma política, diga-se, que veio de FHC) e Evo Morales na Bolívia (país no qual o embaixador americano tentou jogar um papel decisivo), ajudou a criar a Unasul e o IBAS e jogou fortemente num multilateralismo que era abominado em Washington durante o governo Bush Jr.
Será que todos estes fatos não se sobrepõem claramente aos telegramas enviados por diplomatas americanos estacionados no Brasil?
Os fatos deixam claro que o Brasil apostou numa política externa mais soberana e independente em relação aos Estados Unidos, sem deixar de reconhecer a importância política, econômica, diplomática e comercial de Washington. Simples assim.
Por que Lula haveria de atacar os Estados Unidos em encontros privados? Qual seria a lógica de fazer isso?
O PIG, como se sabe, dispensa a lógica. E é tão repetitivo que me faz lembrar aquele hino: PIG, sempre PIG, dentro e fora do alçapão.