Djavan lança canção pop e associa críticas com alto teor de ‘racismo’

Não é difícil escutar no rádio “Oceano”, “Flor de Lis” ou “Meu Bem Querer”, desde os anos 1970 e 1980. Mas Djavan quer mais. Aos 65 anos, 37 deles na música, o alagoano tenta criar sucessos novos.

“Não é tão simples tocar no rádio quanto já foi”, diz ele, que lança agora o CD e DVD “Rua dos Amores Ao Vivo”, registro de um show da turnê iniciada em 2012. O repertório reúne canções do disco “Rua dos Amores” (2012) —sem nenhum hit— e sucessos de toda a carreira, rearranjados para “dar um frescor”.

No CD, a faixa-bônus inédita “Maledeto”, com letra pop sobre dor de cotovelo, é a sua aposta para o rádio. “Mas já cansei de fazer música pop e nada acontecer.”

Além da agenda de shows, para Djavan, 2013 foi marcado pela polêmica sobre biografias não autorizadas.

Membro do grupo Procure Saber, em outubro passado ele defendeu que os autores pagassem a seus biografados. “Não tenho certeza de nada, foi uma ideia lançada”, diz agora. Para o artista, o debate foi mal conduzido pela imprensa e ele sofreu especialmente por ser negro.

Mesmo motivo pelo qual, diz, suas letras, ditas incompreensíveis, são criticadas.

*

Folha – Como você escolheu o repertório do show no DVD?
Djavan – Tenho de 25 a 30 clássicos, e isso complica muito na hora de escolher. Não posso ficar cantando os mesmos a vida inteira. Unir músicas novas com velhas é uma tarefa quase inglória. Numa velha, a plateia já se rende. Música nova, “nego” fica com cara de paisagem. Faço arranjo novo para todas as canções antigas, mas tem que ter um critério, porque não pode descaracterizá-las.

É difícil criar novos clássicos?
Você não cria um novo clássico porque quer. Quem determina isso é o povo. Não conto as vezes em que apostei em uma música e ela não funcionou. Fiz agora “Maledeto” [única canção inédita no CD], com a intenção de ser uma música para tocar no rádio. Não é tão simples tocar no rádio quanto já foi. Não estou reclamando, adoro competitividade. Gosto de brigar com os artistas mais jovens, com os mais velhos, com todos.

Você e Jorge Vercillo são muito comparados. Isso incomoda?
Nunca. Fui eu que gravei o primeiro sucesso dele, “Final Feliz”. Não vejo tanta semelhança. Seja qual for a dimensão em que está o Vercillo, não é a mesma minha. Ele é uma pessoa que tem talento e faz um trabalho bem mais popular que o meu até.

Tornou-se comum dizer que suas letras são incompreensíveis. Isso te irrita?
Não, sou paciente. Um dia eles vão entender. Como posso me irritar quando milhões de pessoas no Brasil e no mundo adoram? Preciso dos meus detratores, eles me motivam muito. Torço para que não entendam nunca. Quero que sempre vejam em mim uma estranheza sem solução.

Em “Pecado”, canção de “Rua dos Amores”, você canta “Mesmo que o amor avance /perde-se em nuance/quase um Chile inteiro /quando você fala, fala, fala”. O que é o Chile neste caso?
Usei o Chile como advérbio de quantidade. São ousadias, não tenho satisfação a dar a ninguém. O Chile é aquela coisa comprida. É uma metáfora interessante. É preciso que você tenha alma para senti-la ou não. As pessoas da mídia têm que parar de achar que isso me atinge. Sou um homem negro, e um negro não foi feito para fazer ninguém pensar, para produzir influência. É a mesma razão pela qual fui espinafrado naquele caso de outubro [a polêmica das biografias]. Se eu fosse branco, a abordagem seria diferente.

Você se sentiu injustiçado no caso das biografias?
Teve alto teor de racismo e ressentimento. A imprensa ou parte dela jogou fora a oportunidade de discutirmos a questão de maneira civilizada. Houve espinafração pública, o desejo de macular a pessoa para o resto da vida.

Mas o povo não é burro. A gente tem 40 anos de carreira. Como alguém vai me confundir com um censor? Sempre fui a favor da biografia não autorizada. Nenhuma sociedade pode viver só com a versão oficial.

Fonte: Jornal Floripa

 

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