por Lúcia Rodrigues
A editora da Caros Amigos, Tatiana Merlino, venceu o 31º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos na categoria revista. Tatiana disputou com matérias das revistas Época, Isto É, Adusp, Problemas Brasileiros entre outras, segundo informações da assessoria do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo.
A reportagem que deu o primeiro lugar a Tatiana, Por que a Justiça não pune os ricos, conta a história de Maria Aparecida de Matos, uma jovem que, em abril de 2004, foi presa em flagrante por furtar xampu e perdeu o olho direito na prisão. A reportagem esclarece que a justiça brasileira não trata a todos de forma equânime. Para os ricos todas as concessões, aos pobres o descaso.
Na mesma reportagem, Tatiana mostra que a proprietária da Daslu, uma das lojas de roupas mais caras do país, Eliane Tranchesi, condenada em primeira instância a 94 anos e meio de prisão por crimes de formação de quadrilha, descaminho consumado (importação fraudulenta de produto ilícito), descaminho tentado e falsidade ideológica, conseguiu habeaus corpus para deixar a prisão em 24 horas.
Eliana deve um bilhão de reais aos cofres públicos. O furto de Maria Aparecida foi avaliado à época em R$ 24. Eliana continua solta, Maria Aparecida permaneceu trancafiada por longos 13 meses. A pena da jovem foi agravada. Ela perdeu a visão do olho direito depois de um tumulto na cela em que dividia com 25 mulheres. Para por fim ao distúrbio, a carceragem jogou uma bomba de gás lacrimogêneo no local.
O gás irritou o olho de Maria Aparecida e o não tratamento do ferimento conduziu à perda da visão. A arbitrariedade contra a jovem pobre começou desde que ela chegou à delegacia. Apesar de ser portadora de retardo mental moderado, Maria Aparecida não teve o direito de fazer ao menos um telefonema, para informar a família da prisão. Foi mandada para o Cadeião de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. Dali só saiu, sete meses depois, quando foi transferida para a Casa de Custódia de Franco da Rocha, na região metropolitana de São Paulo.
Menção honrosa
Os jornalistas Ana Lima Aranha, da revista Época, Marques Edilberth Casara e Tatiana Cardeal, da revista Na Mão Certa, receberam menção honrosa do júri do Prêmio Herzog. Ana concorreu com a matéria Tolerância se aprende na escola, os outros dois jornalistas, com Castelo de Sonhos.
A solenidade de entrega do 31º Prêmio Herzog acontece no próximo dia 26, às 19h30, no Tuca, o teatro da PUC, localizado na rua Monte Alegre, 1.024, em Perdizes, na capital paulista.
Leia em nossa seção de Direitos Humanos a reportagem que deu o Prêmio Herzog a Tatiana Merlino.
Por que a justiça não pune os ricos