Sobre o EP
Hagat traz cinco músicas de um disco que gravei em 1993 e que praticamente não circulou, porque na época consegui fazer somente 500 CDs e também porque, no momento em que foi lançado, estava a duas ou três semanas do meu casamento com Márcia Salgado. Dessa forma, as músicas ficaram hibernando durante mais de 25 anos para florescerem e despertarem justamente agora. Me deparei com estas gravações depois de todo esse tempo e nelas temos Maurício Pereira, Alberto Marsicano, Carmina Juarez, Natália Barros, Alex Braga, Tuco Marcondes e Fernando Moraes. Para mim, este disco trouxe à memória diversas curiosidades afetivas. Foi durante os ensaios e gravação de Himalaia, música que abre o disco feita em parceria com Alex Braga, que nasceu uma das grandes amizades que tenho na vida que é a de Maurício Pereira.
Me lembrou também das muitas conversas com o saudoso amigo, músico, filósofo e instrumentista Alberto Marsicano a respeito da ideia de gravarmos Aboio com a participação do sitar indiano, que ele tocava lindamente e que aprendeu nas aulas em Londres com o próprio Ravi Shankar e quando estudou música clássica indiana em Varanasi, na Índia, com sua mestra Krishna Chakravarty.
Parcerias
Dos muitos encontros com Carmina Juarez, resultou nossa parceria de nome exótico e na qual ela arrasa: Naávu: Javassarê, algo que ela improvisou durante as gravações e que terminou por dar nome à música.
Com Natália Barros, que semanas depois seria nossa madrinha de casamento, gravamos A flor, composição do querido Fernando Figueiredo. Neste disco incluí também Cantiga para ninar um Viking, que compus em homenagem ao também amigo, multi instrumentista e compositor Tuco Marcondes.
Hagat se completa com Ida e volta, gravada em 1992, e com a caçula Aos filhos, uma parceria surpresa que ganhei de presente feita pelo instrumentista, produtor e compositor carioca Paulo Brandão e o grande músico e compositor moçambicano, Costa Neto. Esta dupla musicou recentemente um trecho do Pequeno calendário colorido para os que sabem ler o tempo, um pequeno livro que escrevi em 2009 com ilustrações de Carlos Barmak e que existe digitalmente com traduções em alemão, árabe, espanhol, francês, hebraico, inglês e italiano. Aos filhos teve a participação de Elizah Rodrigues além de Paulo Brandão e Costa Neto que gravou em ronga, uma das línguas de Moçambique.
O disco
O nome do disco – Hagat – quer dizer coisas em árabe. Durante estes tempos de isolamento social, me peguei refletindo em como a palavra coisa é usada no Brasil para expressar questões relativas a sentimentos, objetos, desejos, sons e um tanto de outras coisas e essa mesma palavra tem essa multiplicidade de significados também em árabe. E foi pensando em um mundo cheio de coisas boas, que este disco renasceu e é dedicado aos queridos amigos do Egito: Tarek, Miranda, Begad, Nada, Ziad, Eyad e Rana.
Espero que as boas lembranças que estas músicas me trazem possam abraçar Sueli Carneiro, Tiganá Santana, Marcelino Freire, Aninha de Fátima, Adriana Barbosa, Marília Neustein, Parteum, Lourenço Mutarelli, Renato Gama e Adriana Carranca. E que a esperança despertada em mim abrace meus irmãos e irmãs da Palestina, Brasil, Líbano e Egito.
Aprecie Hagat
A fotografia é de Danilo Salgado e a arte e o design da capa de Lídia Ganhito
Ficha técnica:
1- himalaia (edson natale e alex braga) – 3’54”
violão – edson natale
sax – mauricio pereira
violino – alex braga
percussão – fernando moraes
2- cantiga para ninar um viking (edson natale) – 1’45”
Violão – edson natale
3- naávu: javassarê (edson natale e carmina juarez) – 5’47”
violão – edson natale – violão
voz – carmina juarez – voz
percussão – fernando moraes
4- a flor (fernando figueiredo) – 4’41”
violão – edson natale – violão
voz – natália barros – voz
A flor
do que era feito o nosso amor
molhou-se com a chuva, gelou de tanto frio
e mesmo assim não se quebrou
A flor
se lhe maltratam só por mal
torna-se um translúcido cristal
se lhe vem com crueldade
exala seu perfume por toda cidade
a flor, a flor, a flor
5- aboio (edson natale) – 5’01”
violão e voz – edson natale
sitar – alberto marsicano
violino – alex braga – violino
6- ida e volta (edson natale) – 3’36”
violão – edson natale – violão
violino – alex braga – violino
percussão – fernando moraes
7- aos filhos (edson natale, paulo brandão e costa neto)
Guitarra, piano, sintetizadores e voz – paulo brandão
voz (em ronga) – costa neto
voz – elizah rodrigues
Para os filhos,
os amigos e amigas dos filhos,
os que serão amigos dos filhos
e de seus amigos e amigas,
os que são pais e mães e para os que serão,
os que não foram pais e mães
e para os que não serão,
os que já foram,
o ocidente e o oriente,
os que acreditam em algo que não se explica,
o que é pai de todos os filhos, seja ele qual for.
para que, para sempre,
os filhos e as filhas possam ter filhos e filhas
Produzido por Edson Natale e Mitar Subotic em 1993 com exceção de Aos Filhos produzida por Paulo Brandão em 2018.
masterização – Paulo Brandão / Brand Estúdio
assessoria jurídica – Fernando Yazbek
imagem da capa – Danilo Salgado
arte e design – Lídia Ganhito
assessoria jurídica – Fernando Yazbek
Agradecimentos: Fernando Yazbek, Giovana Tiziani, Helga Vaz, Maurício Pereira, Carmina Juarez, Alex Braga, Natália Barros, Tuco Marcondes, Costa Neto, Elizah Rodrigues, Fernando Moraes, Paulo Brandão, Maurício Bussab, Fernando Figueiredo, Alberto Marsicano (in memorian), Danilo Salgado, Gabriel Natal, Márcia Salgado, David McLoughlin, Lídia Ganhito e toda equipe Tratore.