O dissidente cubano Guillermo Fariñas, que deixou de comer e beber há três semanas pedindo a libertação de 26 presos políticos, criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em declarações à rádio paraguaia Ñandutí AM. “Lula não respeitou a memória de Orlando Zapata”, disse Fariñas em declarações feitas por telefone à rádio nesta quarta-feira.
Zapata, que era preso político, morreu em 23 de fevereiro, depois de dois meses e meio de greve de fome para exigir melhores condições na prisão. A morte de Zapata coincidiu com a visita de Lula a Cuba e gerou críticas internacionais sobre a situação dos direitos humanos no governo do presidente cubano, Raúl Castro.
Fariñas também pediu ao presidente do Paraguai, Fernando Lugo, que se pronuncie sobre a situação em Cuba. “Faço um apelo a Fernando Lugo, que se pronuncie a favor das vítimas ou dos algozes.”
Na semana passada, em entrevista à Associated Press, o presidente brasileiro pediu respeito às decisões do governo de Cuba e condenou o uso da greve de fome por dissidentes como instrumento para que eles sejam soltos, comparando-os a criminosos comuns.
“Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubanos. A greve de fome não pode ser um pretexto de direitos humanos para liberar as pessoas. Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade”, afirmou Lula.
Fariñas recebe atualmente assistência médica em um hospital de Santa Clara, em Cuba.
Nesta quarta-feira, em sua entrevista à rádio paraguaia, Fariñas acusou Lula de ser cúmplice do regime cubano. “A história se encarregará de colocá-lo em seu lugar. Não é um democrata”, afirmou o cubano.
“Vamos demonstrar à opinião pública nacional e internacional que o regime cubano se dedicou durante 52 anos a eliminar e assassinar, de maneira deliberada, seus oponentes dentro da ilha”, disse Fariñas.
“Estamos esperando que o mundo perceba que os irmãos Castro e seus seguidores são assassinos. Em pleno século 21, vão deixar morrer um homem e muitos outros homens e mulheres porque lutam por uma questão humanitária”, destacou.
Fonte: Folha de S.Paulo