“Eu humildemente acho que nós fizemos história nesse dia maravilhoso”, disse Emicida logo após apresentar a canção “Principía” no Theatro Municipal de São Paulo, na noite em que seu álbum AmarElo dominou um dos palcos mais célebres do país e foi apresentado a uma platéia pela primeira vez.
Em um evento raro para o edifício secular da Praça Ramos de Azevedo, o rapper paulistano reuniu uma platéia participativa e nomes como Mc Tha, Drik Barbosa, Majur, Pabllo Vittar e Jé Santiago para reforçar um compromisso de esperança, união e libertação por meio da música.
Na última quinta-feira (15), a experiência do álbum ganhador do Grammy Latino pôde ser entendida a cada acorde disponibilizado nas plataformas de streaming de áudio e no delicado registro audiovisual do concerto na Netflix.
Antes de entoar os versos “onde estiver, onde pisar, nóis sempre vai ser gueto”, Emicida dedicou a música a sua avó, de 80 anos, que estava pisando naquele prédio de arquitetura renascentista pela primeira em novembro de 2019, quando o show foi gravado. Sobre a importância dessa apresentação, o artista declarou em comunicado enviado à imprensa.
“Quando a gente coloca naquelas cadeiras do Theatro Municipal de São Paulo o pessoal do Movimento Negro Unificado, que em 1978 estava do lado de fora, protestando contra o racismo nas escadarias porque eles não podiam acessar aquele espaço, a gente está passando a seguinte mensagem: nós somos a continuidade daqueles homens e daquelas mulheres”, relatou o cantor.
DOCUMENTÁRIO
Com um show histórico e dedicado aos seus ancestrais, Emicida apresenta, agora, as 20 faixas ao vivo que circundam o aclamado documentário “AmarElo – É Tudo Pra Ontem’, lançado em novembro de 2020 na Netflix. “Para que hoje a gente esteja nesse lugar, que foi negado aos nossos ancestrais, muitas pesoas suaram e sangragram no caminho”, disse o rapper durante o registro.