Por: Christina Lemos
O presidente Lula, ao concluir o seu segundo mandato, registrará a notável marca de ter visitado 25 países africanos. E neste caso poderá repetir seu bordão preferido: “nunca antes na história deste país” um presidente deu tanta atenção às nações africanas.
A sete meses de encerrar seus 8 anos de governo, Lula tem assumido publicamente um tom de despedida, e age como se já calculasse seu futuro. Recentemente, perguntado sobre o que fará depois de passar a faixa presidencial ao sucessor, disse que continuará sendo político e acrescentou que gostaria de atuar pelo desenvolvimento da África.
É claro que ninguém, em sã consciência, imagina que Lula ficará sem exercer forte influência sobre o PT e sobre a política nacional. Mas a cada novo prêmio, o presidente é lembrado como eventual nome para encarnar um projeto transnacional de combate à fome e à miséria.
Nesta segunda-feira, na abertura do evento “Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar”, Lula vestiu novamente o figurino de “Mandela do combate à fome” – como definiu um diplomata. Declarou que a vitória sobre a miséria está diretamente relacionada à soberania dos povos:
– Se um país tiver a arma mais poderosa que tiver, mas não tiver a comida de cada dia do seu povo plantada no seu território ou comprada fora, esse país não tem soberania.
O discurso foi ouvido com atenção por Josette Sheeran, a executiva do Programa Mundial de Alimentação da ONU, que havia acabado de entregar a Lula o prêmio de “Campeão Mundial na Luta contra a Fome”.
O presidente ainda destacou que o Brasil “precisa entender” que agora passou à condição de “país doador”, e prometeu financiamento do BNDES a programas de segurança alimentar na África, além de ajuda integral da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que pode até mesmo se instalar no continente africano para favorecer o intercâmbio.
Se a África estará no destino de Lula, só o futuro dirá, mas o fato é que o caminho está pavimentado para isso. Muito embora, a se orientar pelo projeto petista de poder, o futuro de Lula passa bem longe do “continente esquecido”, e prevê sua volta ao cargo em 2014.
Ele próprio, até o momento, nada disse a respeito – e nem poderia.
Fonte: R7