Em pleno século XXI, um país que se diz em crescente desenvolvimento ainda presencia casos que às vezes só são vistos em filmes ou novelas de época. Assim foi o que aconteceu com o estudante de Filosofia e técnico de Boxe, Valter Duarte Moreira Júnior, vítima de preconceito racial na noite desta sexta-feira, 23. Valter Júnior é filho do ex-lutador e atual presidente da Federação Sergipana de Boxe, Valter Duarte.
De acordo com o jovem, ele e um de seus alunos, um menor de 15 anos, estavam em uma das lojas de uma galeria localizada na Rua Álvaro Brito, no bairro 13 de Julho. Os dois estavam conversando com o proprietário da loja, sobre o patrocínio que o mesmo irá oferecer a um projeto desenvolvido pelo lutador. Valter Júnior contou que, enquanto conversava, foi avisado que dois homens estavam a sua procura. “A pessoa que veio me chamar dizia que o dono da galeria, acompanhado de um segurança, estava andando por todos os corredores a procura de dois ‘negões'”, afirma.
O jovem, então, saiu da loja e foi averiguar quem estava a ‘sua’ procura. Segundo ele, ao se deparar com o dono do complexo e com o seu segurança, foi interrogado sobre o que fazia ali, quem era ele e foi convidou a se retirar do local. Sem entender o que estava acontecendo, o boxeador perguntou o porquê de tantas perguntas e o motivo pelo qual estava sendo expulso.
“Ele olhava pra mim e perguntava se eu, realmente, não estava entendendo. Foi uma situação terrível. Eu podia não ser nada, ser um desempregado, um desocupado, mas mesmo assim ele teria que me respeitar. E não me julgar pela minha cor”, lamenta o jovem.
Ao se dar conta de que estava sofrendo preconceito racial, o jovem imediatamente acionou o 190, número do Disque Denúncia. De acordo com ele, ao perceber a ligação, o dono da galeria fugiu. O jovem, acompanhado do pai, prestou queixa na Delegacia Plantonista.
“Vieram até aqui nos procurar para oferecer dinheiro e deixar o caso no esquecimento. Meu filho não precisa do dinheiro dele, muito menos eu. Queremos respeito, apenas isso.” afirma Valter Duarte.
Indignado, Valter Júnior disse que é difícil acreditar que pessoas ainda tenham esse tipo de comportamento e afirmou que vai lutar por justiça. “Estou agindo em nome de toda uma categoria, em nome dos meus alunos. É uma obrigação moral tanto para mim quanto para os meus atletas”, conclui.
Fonte: Cinform