Gênio do basquete americano visita Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro

Kareem Abdul-Jabbar foi nomeado, no último dia 18, embaixador cultural dos Estados Unidos. Veio ao Brasil em sua primeira missão oficial.

Rio de Janeiro – O mundo de Kareem Abdul-Jabbar nunca foi apenas uma bola laranja. Maior pontuador da NBA em todos os tempos, o gigante de 2,15m, nascido no Harlem, costumava ser tão contundente fora quanto dentro das quadras, bem ao estilo de outro mito do esporte de sua época e que também se converteu ao islamismo: o boxeador Muhammad Ali.

Na tarde de quinta (26), no Complexo do Alemão, Jabbar teve diante de seus olhos — hoje sem os óculos que eram marca registrada nos tempos de Los Angeles Lakers, entre 1975 e 1989 — mais uma confirmação de que a realidade pode se transformar.

Outrora crítico feroz do preconceito e da desigualdade racial em seu país, o ex-jogador que fez história na liga de basquete americana, com seis títulos e 38.397 pontos, foi nomeado, no último dia 18, embaixador cultural dos Estados Unidos. Veio ao Brasil em sua primeira missão oficial.

A paz que Jabbar encontrou ontem, numa favela antes dominada pelo tráfico de drogas, já foi tão impensável quanto a possibilidade de a América eleger um presidente negro, que ele hoje representa.

— Sei que o Brasil ainda sofre com a violência nas comunidades, como havia aqui. Mas a alegria que vejo é um sinal de que houve progressos. Sinto que há esperança, com as pessoas distantes da violência e do crime. A realidade aqui não é muito diferente da que tinha na infância no Harlem — afirmou o ex-jogador, de 64 anos. — Os Estados Unidos avançaram, as pessoas mudaram suas mentes. Hoje, há um senso de igualdade maior. Claro que há trabalho a fazer, mas o progresso é inegável.

Jabbar chegou ao Alemão às 14h30m, sob forte aparato de segurança, e foi recebido pelos rappers MV Bill e Nêga Gizza, fundadores da Central Única de Favelas (Cufa). Além de dezenas de exemplares de seu recém-lançado livro infantil “What is the color of my world?” (Qual é a cor do meu mundo), no qual conta a história de inventores negros, e de um discurso sobre a importância da educação paralela à prática esportiva, Jabbar trouxe para a favela carioca seu inesgotável talento para jogar basquete. É bem verdade que, numa primeira tentativa, o ex-jogador errou três arremessos laterais seguidos. Mas bastou parar ao lado de crianças, em fila no garrafão, para a velha pontaria fluir naturalmente.

Melhor para o estudante Paulo Mangefeste, de 15 anos, que, entre dezenas de outras crianças, teve o privilégio de uma aula particular sobre arremesso com o mito. Jabbar explicou, por gestos, que o certo é segurar a bola laranja com as pontas dos dedos, sem tocá-la com a palma da mão. Nervoso, Paulo errou quatro vezes. Jabbar então corrigiu sua postura e pôs pressão no pupilo. Passou o polegar pelo pescoço, como quem diz: “Se não fizer este, está morto”. O menino entendeu o recado e acertou. Na cartilha do embaixador, que hoje pela manhã visita a sede do Flamengo, na Gávea, talento e cobrança caminham sempre juntos.

— Quando um jovem da comunidade vira ídolo, é importante entender que os problemas dali continuam. Não basta fazer dinheiro e pular fora. Tem de refletir sempre sobre o lugar de onde veio.

 

 

 

Fonte: D24am

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