Grupos antirracistas criticam ‘blackface’ em desfiles de Reis na Espanha

Em Alcoy, dezenas de pessoas interpretaram pajens e pintaram rostos de preto. Primeira negra no Parlamento espanhol, Rita Bosaho falou em desrespeito à memória de pessoas escravizadas. Quem defende a prática diz que não se trata de racismo, e sim de tradição.

Ativistas espanhóis contra o racismo pediram o fim do uso da pintura “blackface” vista em muitas das tradicionais comemorações do Dia de Reis no país.

Primeira negra a integrar o Parlamento espanhol, Rita Bosaho afirmou que a prática — comum nos desfiles anuais de 5 de janeiro, véspera do Dia de Reis, retratando os três Reis Magos que levaram presentes a Jesus — mancha a memória de pessoas escravizadas e ‘desempodera’ crianças negras.

Na cidade de Alcoy, que tem uma longa tradição nos desfiles, dezenas de pessoas interpretando o papel de pajens acompanharam os reis no evento desta sexta-feira (5), com rostos pintados de preto e lábios exageradamente vermelhos.

Foto de 5 de janeiro de 2024 mostra participantes de desfile de Dia de Reis durante desfile de véspera de Dia de Reis em Alcoy, na Espanha; prática de ‘black face’ foi criticada — Foto: Eva Manez/Reuters

Bosaho, que liderou o departamento de diversidade racial no Ministério da Igualdade de 2020 a 2023, afirma que o uso do “blackface” segue devido à falta de debate sobre o racismo que, segundo ela, está permeado na sociedade espanhola.

“Não nos consideramos xenófobos ou racistas, nem consideramos racista o fato de algumas pessoas se vestirem e se maquiarem para interpretar um papel e trazer alegria às crianças”, afirmou Eduard Creus, chefe da empresa privada que organiza o desfile na cidade de Igualada.

Localizada no nordeste, Igualada tem o desfile mais antigo da região da Catalunha e a maioria dos seus cerca de 800 participantes usam blackface.

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