GT sobre Reforma do Código Penal apresenta sugestões de alterações ao atual anteprojeto, referentes à Tutela Racial

Grupo de Trabalho formado sob coordenação da SEPPIR apresenta relatório no Senado nesta quarta-feira (31.10)
O Grupo de Trabalho (GT) sobre a Reforma do Novo Código Penal, coordenado pelo Ouvidor da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), Carlos Alberto Silva Junior, apresenta amanhã, em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal, o documento “Proposição de Alterações do Anteprojeto do Código Penal Quanto Às Tutelas Raciais”, resultado do trabalho conjunto de cinco meses do grupo formado por 15 advogadas e advogados negros de renome. A reunião acontece às 9 horas, na sala 02, Ala Nilo Coelho, Anexo II, Senado Federal, em Brasília (DF).

No relatório, aborda-se a relevância da temática do racismo no Brasil, uma análise do anteprojeto no que tange à questão racial e ao sistema jurídico brasileiro para o enfrentamento da discriminação racial e a efetivação do direito de igualdade racial. Entre as sugestões de alterações sugeridas, a definição de pena de 2 a 5 anos para crimes de racismo, inclusive na Internet, e uma inovação no artigo 447, que trata do crime de “escarnecer alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa, ou vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”.
Pela nova redação proposta para o artigo, se a conduta do agressor impedir ou perturbar a cerimônia ou prática de culto religioso, a pena, inicialmente prevista para ser de prisão de dois a seis meses e multa, será aumentada de um a dois terços. “É importante dizer que isso vale para todo e qualquer culto e religioso, não apenas os de matriz africana. Saímos fortalecidos do processo. Parte das alterações já conta com a chancela do Governo Federal”, avaliou Carlos Alberto Silva Junior.

“Nós gostaríamos de parabenizar as advogadas e os advogados que participam do GT, colaborando para organizar um documento de grande qualidade com as importantes sugestões de alterações para o texto do anteprojeto e dizer que encontramos grande receptividade e um bom espaço no Governo Federal para trabalhar melhor a questão do racismo. Devemos fazer um esforço para traduzir esses grandes eixos de que trata o documento para uma linguagem que facilite sua inserção no debate político”, afirmou a ministra da SEPPIR, Luiza Bairros.

O advogado Hédio Silva Junior, que trabalhou como relator do grupo, condensando e sintetizando as diferentes perspectivas encontradas nas colaborações dos membros, destacou que o maior desafio foi produzir um documento que permitisse estruturar uma abordagem ampla do tema. Hédio Silva Junior também ressaltou a necessidade de a sociedade se mobilizar para a discussão. “Pelo que temos visto, nem mesmo os advogados e juristas interessados na temática do racismo têm consciência ainda do impacto negativo da atual redação do anteprojeto do Código Penal”, salientou.

Fonte: Seppir

+ sobre o tema

Religioso que atacou negros e gays é confirmado no comando da Comissão de Direitos Humanos

  A maioria da bancada do PSC decidiu nesta terça-feira,...

Luiza Bairros fica! Nota da SEPPIR sobre a matéria “Reforma ameaça ministras mulheres

Presidência da República Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade...

Tradição de parteiras deixa o Amapá entre os estados com menos cesáreas

Método secular de procedimento incentiva o parto normal. Amapá...

Como o Brasil está descumprindo mais de 200 recomendações feitas na ONU

Levantamento realizado por organizações da sociedade civil aponta que...

para lembrar

Liberdade de Expressão da mídia é seletiva e convarde

A mídia brasileira sempre esteve preparada, aparelhada e unida...

Uma luta incansável

Desde que escrevi minha última coluna, muitas coisas aconteceram...

Aumenta desemprego entre a população negra e mulheres

Somados, pretos e pardos (classificação do IBGE) eram mais...

Jornais partem para uma nova guerra contra o Facebook

Ao anunciar  que deixará de publicar matérias jornalísticas na...
spot_imgspot_img

Comissão Arns apresenta à ONU relatório com recomendações para resgatar os direitos das mulheres em situação de rua

Na última quarta-feira (24/04), a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos D. Paulo Evaristo Arns – Comissão Arns, em parceria com o Movimento Nacional...

Estudo relata violência contra jornalistas e comunicadores na Amazônia

Alertar a sociedade sobre a relação de crimes contra o meio ambiente e a violência contra jornalistas na Amazônia é o objetivo do estudo Fronteiras da Informação...

Brasil registrou 3,4 milhões de possíveis violações de direitos humanos em 2023, diz relatório da Anistia Internacional

Um relatório global divulgado nesta quarta-feira (24) pela Anistia Internacional, com dados de 156 países, revela que o Brasil registrou mais de 3,4 milhões...
-+=