Insegurança alimentar grave afeta 15,4 milhões de brasileiros

Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura divulga números sobre a fome no período entre 2019 e 2021

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) divulgou, nesta quarta-feira (6), relatório sobre a fome que mostra que a prevalência da insegurança alimentar grave atingiu 15,4 milhões de brasileiros (7,3% da população) entre os anos de 2019 e 2021.

Os dados mostram um crescimento nos números em comparação com o período antes da pandemia de coronavírus. De 2014 a 2016, a quantidade de brasileiros afetados pela insegurança alimentar grave foi de 3,9 milhões, ou 1,9%.

A FAO classifica de insegurança alimentar severa quando as pessoas provavelmente ficaram sem comida, passaram fome e, no mais extremo, ficaram dias sem comer, colocando sua saúde e bem-estar em grave risco, com base na Escala de Experiência de Insegurança Alimentar (FIES).

O relatório também aponta que 61,3 milhões de brasileiros sofreram entre 2019 e 2021 com insegurança alimentar moderada ou grave, ou 28,9% da população. Em comparação, o período de 2014 e 2016 apontou 37,5 milhões de pessoas (18,3%).

A insegurança alimentar moderada refere-se ao nível de gravidade em que as pessoas enfrentam incertezas sobre sua capacidade de obter alimentos e são forçadas a reduzir, em alguns momentos do ano, a qualidade e/ou quantidade dos alimentos que consomem por falta de dinheiro ou outros recursos.

Taxa de prevalência de insegurança alimentar moderada ou grave por ano no Brasil

  • 2014-2016: 18,3% (37,5 milhões)
  • 2015-2017: 21,5% (44,4 milhões)
  • 2016-2018: 21,8% (45,4 milhões)
  • 2017-2019: 20,6% (43,1 milhões)
  • 2018-2020: 23,5% (49,6 milhões)
  • 2019-2021: 28,9% (61,3 milhões)

Taxa de prevalência de insegurança alimentar grave por ano no Brasil

  • 2014-2016: 1,9% (3,9 milhões)
  • 2015-2017: 1,8% (3,6 milhões)
  • 2016-2018: 1,7% (3,6 milhões)
  • 2017-2019: 1,6% (3,4 milhões)
  • 2018-2020: 3,5% (7,5 milhões)
  • 2019-2020: 7,3% (15,4 milhões)

Fonte: Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO)

América Latina e Caribe

De acordo com o estudo, cerca de 56,5 milhões de pessoas foram atingidas pela fome na América Latina e no Caribe em 2021, totalizando 8,6% da população regional, aumento de 4 milhões em relação ao ano anterior.

Em apenas dois anos, 13 milhões de pessoas foram empurradas para a fome e 4 em cada dez 10 pessoas vivem com insegurança alimentar, enquanto o mundo se prepara para os impactos da maior crise alimentar, incluindo a guerra na Ucrânia.

Em 2021, 40,6% da população – 268 milhões de pessoas – enfrentava insegurança alimentar moderada ou grave. Já a insegurança alimentar grave afetou 93,5 milhões de pessoas em 2021 –14,2% – um aumento de quase 10 milhões de pessoas a mais em um ano e quase 30 milhões a mais em comparação com 2019.

Em 2021, 31,9% das mulheres no mundo tinham insegurança alimentar moderada ou grave, em comparação com 27,6% dos homens. A diferença crescente é mais evidente na América Latina e no Caribe, onde a diferença entre homens e mulheres foi de 11,3 pontos percentuais em 2021 em comparação com 9,4 pontos percentuais em 2020.

No mundo

Ainda segundo relatório da FAO, entre 702 e 828 milhões de pessoas foram afetadas pela fome em 2021. O número cresceu cerca de 150 milhões desde o início da pandemia de Covid-19. Foram 103 milhões de pessoas entre 2019 e 2020 e mais 46 milhões em 2021.

Projeções da FAO indicam que até 2030, a fome ainda deve afetar 670 milhões de pessoas no mundo, ou 8% da população mundial.

A insegurança alimentar moderada ou grave afetava 2,3 bilhões de pessoas em 2021, ou 29% da população global.

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