Após ser rejeitada em uma escola primária por ser negra, Brown foi o principal nome no processo judicial que pôs fim à divisão que regia a educação pública americana
no Estadão
WASHINGTON – Linda Brown, uma mulher do Kansas que na década de 1950 ficou famosa por um processo que proibiu a segregação racial nas escolas dos Estados Unidos, morreu aos 76 anos nesse domingo, 25, segundo a imprensa americana.
A recusa da escola Summer School a aceitá-la por ser negra provocou quatro anos mais tarde a histórica decisão do processo “Brown vs. Board of Education” (Brown contra a Junta de Educação), no qual a Suprema Corte dos Estados Unidos pôs fim à doutrina “segregada, mas igual” que regia na educação pública americana desde 1896.
O Tribunal determinou que “separar (as crianças negras) de outras de idade e qualificações similares unicamente pela sua raça gera um sentimento de inferioridade quanto à sua posição na comunidade que pode afetar seus corações e mentes de um modo improvável de reverter”.
Além disso, a Corte concluiu que a segregação era uma prática que violava a cláusula de “proteção igualitária” prevista na Constituição.
Embora Brown tivesse dado o nome, o processo agrupava vários casos recompilados pela Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP, na sigla em inglês) de estudantes afro-americanos rechaçados em instituições educativas ao redor do país.
Um porta-voz da funerária de Topeka confirmou à imprensa americana que Brown morreu neste domingo, 25, por razões que não foram informadas.
Em entrevista à emissora “PBS” em 1985, por ocasião do aniversário de 30 anos da sentença, Brown disse sentir que a decisão da Suprema Corte tinha tido “um impacto em todas as facetas da vida das minorias em todo o país”.
“Eu penso em termos do que fez para nossos jovens, na eliminação desse sentimento de cidadania de segunda classe. Acho que fez com que os sonhos, as esperanças e as aspirações de nossos jovens sejam hoje maiores”, acrescentou.
Embora tenha se tornado um ícone dos direitos civis, o “Brown” que nomeia o processo contra a Junta de Educação pertence ao seu pai, que foi quem levou o caso à Justiça e morreu em 1961. //EFE