Nobrasil lança websérie Afrotranscendence

DIRIGIDA POR YASMIN THAYNÁ E ESCRITA POR DIANE LIMA, A SÉRIE DE 12 CAPÍTULOS DISCUTE RACISMO, MEMÓRIA, PRÁTICAS ARTÍSTICAS E A NECESSIDADE DE PRODUZIRMOS CONHECIMENTO COMO ATO POLÍTICO.

Do Nobrasil

” PORQUE EU ESCREVO?

PORQUE EU TENHO QUE.

PORQUE MINHA VOZ, EM TODOS OS SEUS DIALETOS, TEM ESTADO EM SILÊNCIO POR MUITO TEMPO.”

PLANTATION MEMORIES – GRADA KILOMBA.

O projeto que reuniu durante três dias, 20 pessoas das mais diversas áreas de atuação de todos os cantos do Brasil para junto com 20 especialistas, dentre eles intelectuais, ativistas, agentes culturais e artistas, vivenciar uma experiência coletiva de aprendizado que incentivasse a ativação da nossa memória e permitisse a criação de novas narrativas e linguagens, agora lança a websérie feita com a participação de uma equipe que trabalhou toda ela de forma colaborativa.

Diane Lima, que escreveu a série e é também a idealizadora e curadora do projeto, diz que o conteúdo chega em um momento importante, quando a articulação em rede tem permitido trocas que criam novas estratégias de realização, criação e produção de conhecimento: “AfroTranscendence surge como uma resposta à supressão dos nossos valores e principalmente, como forma de nos reconectarmos para que em conjunto, possamos criar novas narrativas, escrever e ser sujeitos da nossa própria história.

Esse passo só foi possível, graças a participação dessa equipe tão competente e apaixonada, que tem direção de Yasmin Thayná, produção de Hanayrá Negreiros, direção de fotografia de Raphael Medeiros, montagem de Renato Vallone, som do Avelino Regicida e still de Alile Dara Onawale. É ainda importante dizer que a feitura desse material me fez pensar como para nós ainda é difícil produzir conteúdo ainda que estejamos empenhados e interessados em fazer parte de projetos que falem sobre nós.

Vejo que escrever, dirigir e produzir foi então para nós um ato político: imagem em movimento que cria e ocupa espaços e nos traz outras possibilidades de aprendizado em resistência ao epistemicídio institucionalizado no seio da produção intelectual e educacional brasileira. Que ele seja compartilhado e chegue o mais longe possível, servindo como material de pesquisa em todo o Brasil”.

Yasmin Thayná, que dirigiu os 12 episódios logo após o sucesso do filme Kbela, curta que inaugurou em 2015 uma importante discussão sobre a produção do cinema feito por mulheres negras lotando salas e com isso, possibilitando um novo olhar sobre a ideia de distribuição do cinema nacional, diz que dirigir a série foi para ela e para todos, um grande aprendizado: “Ali eu me dei conta de como um encontro é capaz de gerar tanto conhecimento.

Foi ótimo aprender o que Mãe Beth de Oxum traz de demanda para a mudança e democratização da comunicação e o Mestre TC, que nos ensina a importância de estarmos ligados a terra, nós, negros: nossa dança tem uma ligação direta com a terra, o jongo, o funk, a capoeira, o samba. Aprendi com Diane que precisamos ser donos das nossas narrativas e da nossa imaginação. Com Hanayrá que precisamos de outros modelos de produção cada vez menos embranquecidos, com o Raphael, as mil e uma possibilidades que temos de pensar a imagem, o que reafirma meu pensamento sobre as referências que podem ser trazidas ao mundo a partir da criação de novas imagens.

Com o Regicida, o som como um suporte potente e parte da narrativa que traduz a sensorialidade que imagem nenhuma pode produzir; com Alile Dara aprendo sempre como olhar através da fotografia aquilo que nem sempre a gente consegue ver e com o Renato o respiro do tempo. Eu só aprendi.”

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Entre os entrevistados estão os mentores da primeira edição do AfroTranscendence entre eles, Mestre TC, Mãe Beth de Oxum, Paulo Nazareth e o artista Daniel Lima, um dos mais atuantes artistas brasileiros e que anuncia o primeiro capítulo da série: “durante o AfroT lançamos a pergunta Criar ou Ocupar espaços? que hoje é o tema da minha pesquisa de mestrado na PUC-SP e é com essa pergunta que inauguramos esse video onde o Daniel fala sobre a importância de ocuparmos espaços ampliando os limites institucionais em que o racismo fatalmente se faz presença mas, dizendo também que em certos momentos é preciso de fato criar novos espaços, no sentido de criar novos valores fazendo desse corpo negro um enunciador da sua própria história”, completa Diane.

Estou racializando a discussão no sentindo de entender que nós vivemos a maior escravidão do mundo

A série será lançada quinzenalmente e você pode acompanhar aqui, nos canais do NoBrasil e do AfroTranscendence.

Crie e Compartilhe você também conhecimento. #crieasuanarrativa #compartilheasuahistória

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Sobre Daniel Lima:

Ao nosso olhar, Daniel Lima é um dos mais atuantes e representativos artistas brasileiros da atualidade. Desde 2001 cria intervenções e interferências no espaço urbano, integrando coletivos como a Frente 03 de fevereiro que tem como trabalho lendário a ação Bandeiras que discutiu o racismo no futebol brasileiro. Em Bandeiras o campo de ação foi o estádio de futebol onde o grupo, tendo o apoio das torcidas organizadas, hastearam bandeiras gigantes que devido a grande projeção midiática da partida, gerou grande repercussão e impacto. Elas diziam: “Brasil Negro Salve, Onde estão os negros? e Zumbi Somos Nós.” Bacharel em Artes Plásticas pela Escola de Comunicação e Artes da USP e Mestre pelo Núcleo de Estudos da Subjetividade da PUC/SP, desenvolve pesquisas relacionadas a mídia, questões raciais e processos educacionais. Dirige a produtora e editora Invisíveis Produções.

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