Nos trilhos – Por: Fernanda Pompeu

É de domínio público que a inteligência é inerente ao ser humano, independentemente do seu grau de educação e cultura. Por isso, pela vida, encontramos analfabetos muito argutos e doutores bem obtusos. Mas, seja de que gramatura for, há um casamento inteligência-humanos.

Também sabemos que o cérebro trabalha, preferencialmente, por associação. Ele conecta um cheiro a uma ideia, um gosto a uma lembrança, uma imagem ao seu contrário e assim sucessivamente. Não é algo que a gente controle. Nós associamos de forma autônoma, imediata.

Outra experiência que já validamos é que quanto maior o repertório, mais reserva de combustão para fazermos associações. Melhor, quanto mais letramento e cultura geral tivermos, mas fácil e rápida será a interseção, a capacidade de estar ao mesmo tempo em um conjunto e num outro. Alguns chamam essa cultura geral de cultura de almanaque.

Conheço algumas pessoas com essa maravilhosa habilidade. Você fala a palavra Croácia e o almanaqueiro já diz qual o PIB e o IDH dos croatas. Você comenta que estacionou a bicicleta perto da Escola Politécnica da USP e o almanaqueiro solta três ou quatro frases sobre Antonio Francisco de Paula Souza – um dos fundadores e primeiro diretor da Poli.

É claro que há os detratores da cultura de almanaque. Alegam que seu adeptos pecam pela superficialidade do conhecimento. Não se tornam especialistas nem em geografia, nem em engenharia. A quem os acusem de palpiteiros. Ou os chamam de curiosos. Mas aí eu penso: a curiosidade é um bem imaterial inestimável. Ela é quem faz a gente procurar mais.

Têm também os mais jovens que se perguntam: para que cultura geral se a Santa Internet está aí ao alcance de todos? Ela responde qual o PIB e IDH da Croácia e traz a biografia do Paula Souza. Tudo verdade! Impossível concorrer com ela. Mas há muitas coisas que os buscadores não resolvem para nós.

Eles são fraquinhos em associações e péssimos em interseções. Quero dizer, até fazem. Mas só entre assuntos semelhantes. Eles não me ajudam com os contrários e não sabem nada de combinações inusitadas. Em outras palavras, eles não criam!

O século XXI, com seus quatorze aninhos, anda ensinando que os mapas estão todos aí. Mas quem escolhe para onde ir ou não ir somos nós. Quanto maior nosso repertório cultural e armazém de referências maior é a facilidade de pôr a locomotiva para viajar.

Fonte: Yahoo

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