por Leno F. Silva
Triste
constatar mais duas mortes estúpidas, fruto do confronto armado e violento
entre torcidas organizadas do Corinthians e do Palmeiras. Muitos que
participaram dessa batalha nem tiveram a oportunidade de assistir ao jogo.
Ficaram pelo caminho, em um encontro marcado, que tinha como objetivo o
confronto.
Mais
do que brigar, pelo número de apetrechos apreendidos pela Polícia Militar, a
intenção era promover um mata-mata. Diferente da regra do futebol, o enfrentamento
de domingo tinha a intenção de, no mínimo, ferir para valer os participantes.
Indícios
demonstram que a batalha foi agendada. Duzentos de um lado e número semelhante
do outro. Barras de ferro, paus, armas de fogo estavam entre o arsenal
apreendido pelas autoridades. O amor por um time de futebol é legítimo,
mas atitudes fanáticas e irracionais só
causam violência.
Esse
problema não é novo e nem se restringe ao Brasil. Trata-se de uma questão de
civilidade, da fragilidade de princípios para uma convivência pacífica entre
todos os que habitam uma cidade, um país o mundo.
Vivemos
uma crise civilizatória que ganha, a cada dia, contornos mais graves. Porque o
ponto crucial está na intolerância generalizada, na impossibilidade de
reconhecer o outro como um ser de valor, que merece respeito, apesar de visões
e posicionamentos divergentes ou gostos contrários.
A
sociedade errou ao privilegiar um modelo de desenvolvimento que estimula o
individualismo, a não cooperação e, em muitos casos, a violência para a resolução
de conflitos. Agora somos reféns de comportamentos extremistas, individuais ou
de grupos organizados, cujos finais nada são felizes e se multiplicam.
Quantos
ainda precisarão morrer em circunstâncias absurdas para que percebamos a urgência
da situação? No último domingo, milhares de franceses saíram às ruas, em
silêncio, para pedir paz e tolerância. Ontem a Federação Paulista de Futebol
proibiu que os torcedores da Mancha Alvi Verde e da Gaviões da Fiel frequentem
os estádios até o final do processo policial.
O
resumo dessa história é que todos perderam. O André e o Vinicius, a vida. O
futebol, a grande paixão do brasileiro, não será o mesmo sem os seus
verdadeiros torcedores que, por medo, se distanciam cada vez mais das
arquibancadas. A cidade, que era para ser um espaço de encontro, se transformou
em praça de guerra.
Bem,
diante de uma questão gravíssima, clubes, cartolas, poder público, torcidas e
outros tantos interessados nesse esporte que movimenta bilhões de reais a cada
dia, devem se articular para refletir sobre soluções estruturais, as quais
contribuam para evitar novos confrontos sangrentos. Viva a Paz . Se cada um cultivar e praticar a Paz,
construiremos um mundo pacífico ! É óbvio; então viva a obviedade! Por aqui, fico.
Até a próxima.