A Avenida Paulista receberá, neste domingo (02), a 17ª edição da Parada do Orgulho LGBT, em São Paulo (SP). Com o tema “Para o armário, nunca mais! União e Conscientização na luta contra homofobia”, o evento protestará contra a ofensiva promovida por setores conservadores contra direitos já conquistados pela comunidade LGBT.
As atividades ocorrerão a partir do meio-dia na avenida, por onde passarão 17 trios elétricos. O último deles, de acordo com os organizadores, será um protesto contra os “infelicianos” – referência ao deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, que tem se destacado por declarações homofóbicas e racistas à imprensa.
Outra atração será a cantora Daniela Mercury que, recentemente, assumiu seu relacionamento com a jornalista Malu Verçosa.
A Parada do Orgulho LGBT integra o calendário oficial do Mês do Orgulho LGBT de São Paulo, que teve ainda, na quinta-feira (30), a 13ª Feira Cultural LGBT, no Vale do Anhangabaú. A feira contou com tendas para a venda de produtos de moda, artes plásticas, decoração, literatura, música, vídeo e artigos esotéricos.
Brasil de Fato conversou com o presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo (APOGLBT) sobre o evento e os desafios da comunidade LGBT hoje. Leia, a seguir, a entrevista:
Brasil de Fato – O tema da Parada este ano é “Para o armário, nunca mais! União e Conscientização na luta contra homofobia”. O que motivou a escolha desse tema?
Fernando Quaresma – Nós queremos passar para a comunidade [LGBT] e para a população em geral que nós não aceitamos retrocessos nos nossos direitos. Não queremos voltar a viver em guetos ou ter nossas relações não reconhecidas. Para o armário a gente não volta mais. Para a clandestinidade e a marginalidade não voltamos mais. Queremos melhorias e a igualdade de direitos prevista em Constituição. Se nós temos igualdade nas obrigações queremos também nossos direitos garantidos.
A quantidade de pessoas não é uma preocupação nossa. Nós queremos que as pessoas vão conscientes à Avenida Paulista lutar pela igualdade de direitos.
A comunidade LGBT tem conquistado algumas vitórias no país como o casamento homoafetivo, por exemplo. Ao mesmo tempo, existe uma ofensiva de setores religiosos contra a conquista desses direitos, que fica evidente com o caso do deputado Marco Feliciano (PSC-SP). Como você analisa essa conjuntura atual?
O deputado Feliciano, junto com alguns outros [deputados], não representa sequer o segmento religioso e cristão como um todo, porque ele tem oposição de muitas pessoas. Inclusive do movimento cristão, que é a base dele. Então estamos lutando justamente contra esse fundamentalismo e para lembrar que nossa Constituição prevê que o Estado é laico. Nenhum dogma religioso pode fundamentar ou pleitear um direito.
Como você avalia a situação da homofobia na cidade de São Paulo hoje? Vocês recebem muitas denúncias de crimes motivados por essa razão?
Sim, muitas denúncias. São coisas que a gente vê acontecendo no dia a dia e não podemos compactuar e silenciar diante dessas situações. A homofobia acontece em todo o território nacional, não é uma coisa focada só em São Paulo ou em determinada região. Hoje mesmo soubemos de um rapaz que foi morto por conta de uma agressão que ele sofreu em uma boate [Luiz Antônio de Jesus, de 49 anos, foi agredido em uma casa noturna no Rio de Janeiro na madrugada de domingo].
E quanto mais você vai para os interiores do Brasil, mais se depara com a homofobia muito mais enraizada. Nós, em São Paulo, ainda temos uma visão mais ampliada sobre esse assunto. Nos interiores do Brasil esse tema é tabu.
A Parada Gay chega neste ano à sua 17ª edição em São Paulo. Qual o significado desse evento hoje?
[A Parada] é uma manifestação social que ocupa a [Avenida] Paulista e tem como finalidade dar visibilidade ao tema LGBT, que busca e luta contra a desigualdade de direitos. Estamos na Paulista nos manifestando por essa igualdade e gostaríamos que todos os movimentos sociais se unissem à gente, usando dessa visibilidade para pleitear os seus direitos.
Uma crítica que se faz à Parada do Orgulho Gay de São Paulo é que ela teria se despolitizado ao longo do tempo. Como você encara essas críticas?
A questão de ter aumentado o público torna [a Parada] um evento de massa, então eu não vejo que ele se despolitizou. Não posso dizer que todo mundo vai para lá com a mesma finalidade, cada um vai por um motivo e com uma energia diferente. Mas os organizadores, quando pensam na Parada, pensam com essa finalidade social.
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Fonte: Brasil de Fato