Delegacia especializada investiga ação que matou homem em cortiço.
Agentes dizem que revidaram tiros; família alega que houve execução.
Policiais civis do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra) são investigados pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) por suspeita de matarem a tiros um professor de jiu-jitsu, na noite de quarta-feira (5), na porta da casa dele na Zona Sul de São Paulo. Os agentes alegaram que revidaram os tiros dados pelo homem. Mas a família da vítima negou essa versão e disse que ela não estava armada e houve execução. As informações foram divulgadas pelo SPTV.
Alex Sandro do Nascimento, de 41 anos, dava aulas de artes marciais numa academia perto de sua residência, no Cambuci. Ele foi morto a tiros pelos policiais do Garra durante diligência no cortiço onde morava, na Rua Muniz de Souza. O professor ainda chegou a ser levado com vida para um hospital da região, mas não resistiu aos ferimentos.
Os parentes de Nascimento contaram que o crime ocorreu após ele chegar do trabalho por volta das 22h de quarta. O professor trocou de roupa e pediu uma pizza e quando foi receber a encomenda no portão, encontrou os policiais. Os vizinhos disseram que os agentes o levaram até um corredor e deram seis tiros nele.
A família da vítima, que sempre morou na região, disse que a polícia costuma abordar as pessoas de forma truculenta. O pai do professor, Ivaldo do Nascimento disse não entender por que Nascimento foi morto. Seu filho era separado, tinha duas filhas e fazia planos de se casar novamente.
Há mais de um ano o governo de São Paulo determinou que casos de resistência à prisão seguida de morte envolvendo policiais civis e militares sejam investigados pelo DHPP. Procurado pelo G1, o diretor do departamento, Jorge Carrasco, afirmou que investigação vai ouvir os policiais civis do Garra.
“O DHPP vai investigar se a ação dos policiais do Garra foi legítima. Eles alegam que o suspeito foi morto durante troca de tiros e estava armado. Se ao final a conclusão não for a que eles dizem, eles serão responsabilizados pela morte da vítima”, disse Jorge Carrasco.
Segundo o diretor do departamento, os agentes do Garra deverão responder ao inquérito em liberdade.
“Vamos ouvir o depoimento dos policiais e dos parentes da vítima. É preciso saber se alguém está mentindo ou quem está dizendo a verdade”, afirmou Carrasco. “A investigação também vai requisitar imagens de câmeras de segurança do local que teriam gravado a ação policial. Elas serão importantes para esclarecer o que realmente houve lá”.
No primeiro semestre deste ano, quase 150 pessoas foram mortas na capital por policiais civis e militares que estavam em serviço. Esse número é 10% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.
Fonte: R7